domingo, 18 de janeiro de 2009

Praças ocupadas: urbanistas reclamam da omissão do poder público

Arquitetos ouvidos pelo O POVO cobram uma postura mais enérgica do Poder Público municipal para a falta de ordenamento dos espaços da cidade. Para os profissionais, falta a administração organizar a questão dos ambulantes, impedindo a ocupação irregular de calçadas e praças

"O ordenamento do espaço público em Fortaleza é algo que foi relegado ao 15º plano pela administração municipal. Falta portanto, vontade política para resolver o problema”. A opinião é do arquiteto urbanista José Sales, que comenta o quanto a questão da ocupação irregular dos espaços de Fortaleza vem se agravando nos últimos anos. Ele lembra que isso não ocorre somente na área central, mas em vários pontos da cidade, incluindo a avenida Beira Mar, um dos principais pontos turísticos da capital cearense. Sales chama a atenção para o fato de Fortaleza “não ter mais calçadas”, o que vê como uma grande prova de que temos uma cidade que não privilegia o ser humano. "Aqui chega-se ao cúmulo de privatizar esses passeios que são os locais para as pessoas caminharem”, diz, citando ainda o desnível entre as calçadas e os obstáculos fixos e móveis que são colocados no caminho do pedestre.

Para o arquiteto, em Fortaleza o espaço que é público deixa de ser de fato público quando a Prefeitura concende licenças para colocação de propagandas, para cortar as calçadas para servir de estacionamento de veículos e para a montagem de bancas de ambulantes. Sales ressalta que essa é uma questão disciplinada pelo Código de Obras e Posturas. O arquiteto cita o caso da avenida Gomes de Matos, no bairro do Montese. Para ele, se trata de um exemplo de via que “já não tem sequer um metro de calçada para o pedestre circular”.

Retornando ao Centro da cidade, ele fala da praça José de Alencar, lembrando que há tempos a direção do Theatro José de Alencar alertava que a situação estava insustentável. Somente após a cobrança do Ministério Público é que a administração municipal se manifesta cercando a área para uma reforma. O arquiteto reforça a ausência de vontade política no que diz respeito a uma solução para a feira da praça da Sé. Para ele, a continuar no ritmo que vai, em poucos anos Fortaleza estará completamente inviável.

Matéria elaborada pela jornalista Rosa Sá, no Jornal O POVO, de hoje, 18 de Janeiro de 2009. Reprodução unicamente para divulgação.

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