segunda-feira, 31 de março de 2008

Reações contra a comercialização do fóssil contrabandeado

A notícia do fóssil do crânio de um pterossauro, da Formação Santana, à venda por R$ 1,2 mi choca estudiososJuazeiro do Norte. A supervalorização de peças de fósseis, comercializadas abertamente na Internet, preocupa as autoridades e estudiosos da área. O tráfico continua a existir e as condições de fiscalização ainda carecem de infra-estrutura necessária para serem fortalecidas.

As reservas Bacia do Araripe são uma verdadeira “mina” de achados fósseis. Exemplo disso é a oferta do fóssil de um crânio de pterossauro, da Formação Santana, por R$ 1,2 mi.Uma raridade para cientistas do mundo inteiro, um grande motivo de tristeza para os pesquisadores e a mostra do despreparo das instituições para coibirem o tráfico. Uma articulação entre os órgãos e mais informações poderiam evitar a saída dessas espécies raras em portos e aeroportos do Brasil.

A própria Lei Federal que proíbe o tráfico, Nº 4.146, de 1942, ainda não é regulamentada e prevê apenas o pagamento de multa, estipulada no valor de R$ 100,00 a R$ 250,00, ou cumprir pena em liberdade.O chefe do escritório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no Crato, Artur Andrade, admite que essa fragilidade da lei, sem artigos que coloquem outros tipos de penalidades para o crime, acaba gerando a reincidência de casos. Ou seja, a impunidade impede o fim do tráfico de fósseis na região.Essa é uma preocupação constante das autoridades locais. Há alguns anos, a situação era bem pior. A ação articulada da Polícia Federal, do DNPM e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem ajudado a minimizar.

O trabalho educativo para que a própria sociedade colabore é essencial. A criação do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca) despertou bastante para essa questão, a partir de meados dos anos 80. Segundo o seu diretor, Álamo Feitosa, o foco deve estar voltado principalmente para conscientização dos jovens nesse sentido.

A venda aberta, denunciada por reportagem do jornal ´Folha de S. Paulo´ de ontem, gerou grande surpresa quanto à supervalorização das peças por parte dos pesquisadores da região do Cariri. Na página da Internet (paleodirect.com/pgset2/ptbr-002.htm), o fóssil do crânio de um pterossauro, com impressionante preservação, não apenas dos ossos e articulações, mas dos tecidos moles, o que é raro em paleontologia, é oferecido à venda por US$ 700 mil, pelo norte-americano John MacNamara.

Álamo Feitosa vê a saída de fósseis com grande preocupação. Ele destaca 90 áreas de exploração de calcário, nos municípios de Santana do Cariri e de Nova Olinda e, ao mesmo tempo, a carência de infra-estrutura para chegar até esses locais, além da falta de investimento na área de pesquisa, com inserção de bolsistas. “Isso iria representar um avanço na pesquisa e possibilitar a presença dos estudiosos nas áreas onde há exploração”, afirma.

Noticia do jornal DIARIO DO NORDESTE da data de hoje, sugerida por mensagem enviada por nosso blogspot, ainda ontem de manhã à editoria daquele jornal.

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