terça-feira, 13 de maio de 2008

Muito além de um cartão postal: a Bacia do Cocó é essencial para Fortaleza


A Bacia do rio Cocó ocupa dois terços da área urbana de Fortaleza. "Ela atinge 60% dos cursos d'água. Muitas lagoas, canais de drenagem e riozinhos são 'baixos' do Cocó", explica o arquiteto e urbanista José Sales Costa Filho. O desenho do parque, em meia lua, forma um corredor de ventilação. Com a orla praticamente toda emparedada, os ventos alísios vindos do mar entram em Fortaleza pelo Cocó e dali se espalham. "A agradabilidade climática que é diferente de outras cidades muito por conta da posição geográfica do Cocó, que permite a chegada do vento", afirma José Sales.

A vegetação exuberante do mangue predomina, mas árvores comuns em regiões de praia, zonas transitórias, também estão no parque. "Tem murici, araçá. Os bichos comem fora, pelas dunas, e trazem a semente", diz o gerente do parque, Inácio Prata. Muitos pássaros buscam abrigo no Cocó. A garça, o martim pescador, o maçarico e a galinha d'água. "A Região Metropolitana inchou muito - Maracanaú, Maranguape -, áreas que tinha muitos pássaros. Hoje eles não têm para onde ir", conta Inácio. Um dos últimos refúgios é justamente o Cocó. Para alguns bichos selvagens também.

Inácio já viu guaxinim, raposa, soim, camaleão, tejo, jibóia e cobra de veado. Sem falar nos caranguejos. O desafio é conciliar o lazer e a contemplação com a conservação. Um parque urbano desse tamanho não é algo comum. "As áreas de preservação e lazer se confundem". Não dá para fechar a área do parque e proibir a cidade de visitar e conviver, mas é urgente proibir a cidade de entrar e se instalar.

"Muita gente avançou o limite. Existem muitas ocupações indevidas. A extensão do Lagamar é só um exemplo", diz José Sales. A maioria das invasões são irregulares. "A construção civil fica no limite. O problema são as carvoarias clandestinas, a extração de barro, o comércios instalado e o próprio Estado", critica o urbanista. O conjunto habitacional do Tancredo Neves está colado no rio e a abertura de avenidas como a Rogaciano Leite dão a deixa para a ocupação. "Ninguém está ligando muito para o Cocó. Só uns 'gatos pingados' e ambientalistas", desabafa. E as agressões vão se acumulando.

Parte do texto das reportagens de hoje do Jornal O POVO, da Jornalista Mariana Toniatti, sobre a Bacia Hidrográfica do Cocó e consequentemente sobre o Parque do Cocó. Imagem do Rio Cocó e vegetação de mangue. Arquivo de Imagens Ibi Tupi. Fotografia de Daniel Roman. Direitos autorais reservados.

Um comentário:

David disse...

Acho que o Parque do Cocó deve ser uma prioridade ambiental para a Semace e para o Governo do Estado e Prefeituras de Pacatuba, Maracanaú e principalmente Fortaleza.

Essa área tem que ser efetivada. Antes de ser gasto qualquer dinheiro com outras áreas, essa deve vir primeiro. Urgência máxima!