A importância dos manguezais e a necessidade de se promover a preservação desse ecossistema é o objetivo principal da equipe do Laboratório de Bioecologia de Manguezais (Bioma) do Instituto Oceanográfico (IO) da USP. Orientadas pela Professora Yara Schaeffer-Novelli, as pesquisas desenvolvidas fazem parte da Convenção de Ramsar, organização sediada na Suíça, que acompanha a situação das zonas úmidas de todo o Planeta e zela pela sua preservação.
De acordo com dados coletados, o valor dos manguezais está centrado principalmente na grande biodiversidade animal e vegetal que abrigam. Tanto seres répteis e mamíferos encontram nesses locais as condições propícias para se alimentar e se proteger. Esses ambientes são considerados berçários de muitas vidas. Em suas águas paradas e protegidas, seres marinhos como peixes e camarões encontram lugar seguro para a reprodução, enquanto nas copas das árvores, diversas espécies de aves constróem seus ninhos.
As regiões de mangues são também importantes agentes de proteção da linha da costa, uma vez que o emaranhado de raízes que se proliferam entre a lama consegue segurar parte considerável dos sedimentos desgastados pela erosão. "Se se aterrar um bosque de mangue, a maré sobe com mais força e a erosão do solo torna-se maior e mais problemática", explica. Ainda de acordo com a professora, as plantas dos manguezais, assim como qualquer cobertura vegetal, transformam gás carbônico em matéria orgânica, contribuindo para a diminuição do impacto do efeito estufa.
A pesquisa também ressalta que os manguezais geram mais de uma centena de bens e serviços. Entre alguns produtos que podem ser obtidos no mangue, é possível citar remédios, álcool, adoçantes, óleo e tanino. Várias comunidades tradicionais, como pescadores, caiçaras e catadores de carangueijo dependem de sua biodiversidade para garantir a sobrevivência. Há ainda uma série de outras utilizações possíveis para esse ambiente, como, por exemplo, a apicultura e a criação de espécies marinhas. No entanto, "é importante promover o uso racional dos recursos que esse ecossistema oferece, mas para isso, é necessário que o homem entenda seu funcionamento", adverte a Professora Yara Schaeffer-Novelli.
Apesar de serem garantidos por lei como áreas de preservação permanente, os manguezais estão sob constante ameaça por estarem localizados em áreas visadas pelo homem para atividades portuárias, de lazer, para a construção de indústrias ou de moradias. A sua destruição ocorre em razão do desconhecimento de sua real importância e dos benefícios que oferecem para o homem. Nesse sentido, ela espera que os conhecimentos produzidos pela equipe do Laboratório Bioma sejam cada vez mais difundidos para garantir a preservação desse ecossistema.
(AUN/USP) © A matéria é do Portal Ciencia, Tecnologia & Meio Ambiente, Agencia Brasil/Radiobrás http://www.radiobras.gov.br/
Imagem de um pequeno caranguejo, no mangue do Rio Cocó, em Fortaleza. Arquivo de imagens Ibi Tupi. Fotografia de Daniel Roman. Publicada originalmente no Inventário Ambiental de Fortaleza. Direitos autorais reservados.
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