Ah, as crises. Começam sempre de uma bobagem...
Os primeiros a se darem conta do problema gigantesco certamente foram os cientistas especializados no assunto. Eles detectaram a coisa se avolumando e se espalhando perigosamente. Pessoas do mundo inteiro corriam risco. Ninguém escaparia de um resultado tétrico se nada fosse feito.
Argh. Um horror. No mínimo, a expansão do monstro inviabilizaria a vida urbana na Terra. Epa. Do que está se falando? De uma questão ecológica planetária: o lixo! Sólido.
No Brasil, embora os detritos, os dejetos e todo tipo de porcaria de suas grandes cidades comprometam a qualidade e o desenvolvimento sustentável do espaço urbano, ainda são poucos os cidadãos comuns que têm consciência da gravidade dessa questão. A maioria se comporta como se aquilo jogado na lixeira desaparecesse por encanto. Ou simplesmente passasse a ser, no caso do Rio de Janeiro, de responsabilidade total da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Então, cadê o problema? Foi-se na caçamba de um caminhão para o aterro sanitário, onde ficará morto e enterrado. Ponto.
Quem dera. No Rio o tema virou bicho-papão. E está se transformando numa espécie de chorume... O que é isso? No mundo real, chorume é o líquido tenebroso que escorre do lixo em decomposição, contaminando o solo e o lençol freático. Para se ter uma idéia, o município carioca produz diariamente quase um quilo e meio de sujeira por pessoa.
Com quase seis milhões de habitantes, gera em torno de nove mil toneladas de detritos por dia. Sim. A coleta seletiva e a reciclagem amenizam a situação. Nem tanto por uma consciência ecológica popular, mas por iniciativa dos catadores e empreendedores que descobriram no lixo uma maneira de ganhar dinheiro. Pelo menos isso.
Porém, o tema é tão sério que faz parte das discussões e negociações internacionais sobre mudanças climáticas. E apesar da maioria das vezes entrar nelas como vilão, já começa a ser apresentado também como um produtor de benefícios. Até no Brasil. Um exemplo? Segundo um relatório do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais, o lixo das 300 maiores cidades brasileiras poderia produzir 15% da energia elétrica total consumida no país. Poderia...
E daí? Daí uma boa notícia! Pesquisadores da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da UFRJ, construíram uma termelétrica especialmente para aproveitar o potencial energético dos dejetos de um aterro sanitário da Comlurb, no Caju. Deu tão certo que ao visitá-la Fernando Gabeira se entusiasmou. Ele acredita que dentro de algum tempo os aterros sanitários estarão superados por essas usinas verdes. De que jeito? Usando lixo para produzir energia limpa. O que não deixa de ser uma promessa inovadora de força para a população carioca.
* Ateneia Feijó é jornalista e escritora e mora no Rio. Postado pelo Blog do Noblat http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ em 14/Outubro/ 2008. Reproduzido unicamente para divulgação pela extrema importancia do assunto. Direitos autorais preservados.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
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