A obra da ponte sobre o Rio Cocó nem foi formalizada e ambientalistas da cidade começam a tecer duras críticas. “Não! Não queremos novas pontes sobre o Cocó!”, afirma a professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vanda Claudino Sales.
Em sua avaliação, a cidade tem que aprender a conviver com seu espaço natural, preservando-o.“Pontes apenas representam abertura de terrenos à especulação imobiliária em detrimento dos espaços verdes, e dizemos não. Em outros cantos do mundo, parques inteiros encontram-se em pleno coração das urbes. Por quê Fortaleza precisa ser árida e diferente?”.
A professora defende seu ponto de vista explicando as razões para seu posicionamento. “Os estuários representam segmentos naturais nos quais os rios se encontram com o mar”, diz a professora.Dessa interação, salienta, resultam ambientes anfíbios altamente dinâmicos, nos quais as marés penetram levando águas salinas e nutrientes.
Durante a baixa-mar, há refluxo das águas, que deixam atrás de si espaços pantanosos salobros riquíssimos em matéria orgânica e nutrientes - nas regiões tropicais, essas áreas pantanosas são ocupadas por manguezal, verdadeiro berçário de espécies da fauna costeira continental e marinha.“Os estuários são, assim, a expressão completa de movimento de água e matéria”. Esse é o caso do estuário do Cocó, ensina Vanda, bosque tropical regulador de vida e clima do qual a cidade precisa para manter seu equilíbrio ambiental.
Para ela, a construção de pontes através do estuário representa uma barreira à livre movimentação das águas e da matéria, levando à asfixia do ecossistema: com efeito, à montante das pontes, as marés penetram com dificuldades, diminuindo a área de manguezal; à jusante, fundos rasos se desenvolvem, alterando a dinâmica de escoamento das águas e a salinidade. “A construção de pontes exige o desmatamento do mangue e o aterro do ecossistema natural”.
A diretora da Escola Vila e da Universidade da Paz (Unipaz/CE), Fátima imaverde, expressa preocupação com o novo projeto e aconselha a população a pedir explicações ao governo estadual com relação a obra. “É preciso saber exatamente o que isso significa”.
Para o doutor em Recursos Hídricos e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Rogério Campos, a crítica deve recair inicialmente sobre o projeto do Pavilhão de Eventos. Para ele, totalmente equivocado para aquela área. “É maluquice para um local totalmente congestionado. Ninguém entende as razões para isso”.
Também da mesma reportagem de hoje do Jornal DIARIO DO NORDESTE.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
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