domingo, 8 de junho de 2008

Promessas para os rios Maranguapinho e Cocó


Em três anos, a paisagem das margens do Maranguapinho pode ficar completamente diferente do que é hoje. A parte mais crítica do rio Cocó também. Estas são as promessas do Governo do Estado através da Secretaria das Cidades e da Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da SEINF/ Secretaria da Infraestrutura, com recursos de fomento do Ministério das Cidades e financiamento da CEF/ Caixa Economica Federal.

O projeto é grande, pretensioso. Se realmente for realizado, trará benefícios a toda a cidade. Oito bairros, cinco mil famílias, cinco conjuntos habitacionais, um calçadão de 23 quilômetros, equipamentos de lazer e um rio Maranguapinho preservado e limpo. Para o Cocó tem mais. Controle das cheias, habitações e urbanização da área para que novas famílias não ocupem irregularmente as margens do rio. Promessas do PROMURB/ Programa de Melhorias Urbanas nas Bacias do Maranguapinho e do Cocó, da Secretaria das Cidades do Ceará, e do PREURBIS/ Programa de Requalificação Urbana com Inclusão Social, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-estrutura.

Para Jurandir Santiago, secretário-adjunto da Secretaria das Cidades, a falta de recursos pode ter dificultado a implantação de grandes projetos para mudar a paisagem e a qualidade das águas dos rios de Fortaleza. Ele explica que parte do projeto para o Maranguapinho já começou. "É um programa de várias intervenções. O primeiro passo são as habitações. Na rua Oscar Araripe, no bairro Granja Lisboa, as obras já começaram". Serão 576 unidades só nessa área. As obras de dragagem (retirada do sedimento acumulado ao longo do tempo, que deixa o rio mais raso) e urbanização só começarão quando todas as famílias forem removidas para as novas casas.

O tempo para a construção dos conjuntos habitacionais é de 18 meses. Depois, mais 12 meses para o restante das obras. Para o geógrafo Lutiane Almeida, a saída é retirar as ocupações irregulares, recuperar a mata ciliar e criar espaços de lazer. "Assim, a população deixa de poluir porque passa a valorizar. E se você deixa de poluir, com o tempo o rio vai melhorando naturalmente. Mas não basta prometer, tem que cumprir", enfatiza.

Para o Maranguapinho e o Cocó serão investidos cerca de R$ 369,7 milhões. Desse valor, R$ 269,7 milhões vêm do Governo Federal por meio do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e R$ 100 milhões do Estado. Um calçadão de 23 quilômetros da avenida Mister Hull a Maracanaú, com equipamentos de lazer, vai demarcar a área de proteção do rio e evitar uma nova ocupação das margens.

A construção de uma barragem no leito do rio em Maracanaú vai permitir o controle das cheias e reduzir o alcance dos alagamentos. O mecanismo permite reter a água e liberá-la aos poucos, diminuindo o risco de enchentes. Para isso, o PAC disponibiliza R$ 110,3 milhões e o Estado, R$ 60,3 milhões. Um acordo assinado previamente já alocou R$ 144 milhões da União para a construção de novas moradias. Cerca de cinco mil famílias serão retiradas das margens do rio. O esgotamento sanitário das áreas da bacia do rio Siqueira e Maranguapinho também faz parte do orçamento. A dona-de-casa Antônia Pereira Lopes, 37, mora no Maranguapinho há seis anos. Ela não acredita em nenhuma das mudanças prometidas. "Não é a primeira vez que a gente escuta essa história. Minha mãe mora aqui há mais de 20 anos e nada mudou".

Na bacia do Rio Cocó, as obras são de ampliação do sistema de esgotamento sanitário. O Estado investirá R$ 123 milhões, R$ 101,9 milhões por meio de financiamento federal e R$ 21,1 do próprio bolso. Os projetos ainda estão em fase de licitação. A parte do Promurb são as obras de dragagem e barragem, que ainda estão na fase de criação dos projetos. Serão investidos R$ 76 milhões, sendo R$ 57 milhões do Governo Federal e R$ 19 milhões do Estado. A previsão de conclusão é de 24 meses. As obras só poderão ser iniciadas quando o Preurbis concluir a construção das habitações.

Conforme a Seinf, o projeto está em fase de licitação.(Yanna Guimarães) PROMESSAS Em junho de 2003, foi assinado um protocolo pelo então prefeito Juraci Magalhães com intenções de implantação do corredor ecológico do rio Maranguapinho. Em junho de 2004, foi aprovado o Consórcio Público do rio Maranguapinho na Assembléia Legislativa. Ele permitiria o desenvolvimento e o controle das condições de saneamento e uso das águas do rio.

O financiamento e gerenciamento seria feito pelos municípios de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Maranguape, por onde o rio passa. Segundo moradores, entre 1979 e 1984, uma seca forte assolou o Ceará. Na época, o rio secou e as famílias vindas do interior foram ocupando as margens achando que o leito era aquele que viam. O problema começou assim. A cada chuva, histórias tristes de enchentes, prejuízos e doenças se repetem e nada muda. Em 2007, um jovem de 20 anos morreu arrastado pelas águas do Maranguapinho quando tentava consertar uma ponte destruída pela correnteza

Publicado pelo Jornal O POVO, em 08/06/2008. Reproduzido unicamente para divulgação. Direitos autorais preservados.

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