Três áreas da cidade simbolizam bem a forma como se concretiza o (des) ordenamento urbano em Fortaleza: Centro, Praia de Iracema e Beira Mar. O primeiro caso foi abordado aqui no último domingo. Vamos agora ao litoral.
Felizmente, a Beira Mar e a Praia de Iracema conseguiram se livrar do Fortal, o evento que, durante anos, privatizava a área durante cinco dias. Mas, outros problemas similares surgiram.
O problema é que não há um conjunto de regras públicas, transparentes e baseadas em critérios técnicos e urbanos para definir a dimensão e em que circunstâncias o aterro de Iracema e a avenida Beira Mar podem receber grandes eventos.
É o caso de um evento católico denominado de “Evangelizar”, que ocorreu recentemente na Praia de Iracema. Estima-se que a área tenha recebido um milhão de pessoas para ouvir o “catecismo” e as músicas do padre Reginaldo Manzotti, o mega-estar das canções católicas.
Ao contrário do Réveillon, uma festa pública e realizada em um momento especial, a coisa lá ocorre durante um dia inteiro. O barulho estarrecedor expulsa os moradores que têm seu final de semana caseiro e o direito ao descanso usurpados.
No entorno do aterro, um mundo de irregularidades: calçadas tomadas, comércio ilegal, barracas imundas. Caos no trânsito. No dia seguinte, o contribuinte coça os bolsos para recolher toneladas de lixo.
Além da limpeza, o cidadão, religioso ou ateu, paga o serviço extra pela mobilização de centenas de policiais, guardas municipais e serviços de saúde. Um registro: é evidente que se a Igreja Católica tem o direito de fazer esse evento qualquer outra também pode exercê-lo. Então, imaginem que o problema só tende a piorar.
O aterro da Praia de Iracema é um ótimo local da cidade para eventos, mas é preciso uma política urbana para tal. Eventos esportivos, como campeonatos de vôlei de praia e afins, são os ideais. Pequenos e com repercussão nacional que interessa à cidade como destino turístico.
Mais uma vez, devemos chamar a atenção para um fato: as eleições vêm aí. É a hora ideal de colocar os temas urbanos reais em pauta. Os candidatos não gostam. Temem perder votos e só falam fru-frus a respeito. Lançam mão de superficialidades sobre educação, saúde e transporte e esquecem a cidade real.
Fonte: Coluna do Fábio Campos/ O POVO Online
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