segunda-feira, 5 de julho de 2010

Litoral de Fortaleza passa por degradação contínua ²


Na Capital, o fenômeno acontece no litoral oeste da Cidade, trecho que vai do Porto do Mucuripe até a Barra do Ceará, e o impacto é maior no período das chamadas "ressacas", quando aumenta a frequência das ondas. Na Beira-Mar (Praia de Iracema e Meireles) e na Região Metropolitana de Fortaleza, na praia do Icaraí, em Caucaia, o recuo foi de 1,5 metros/ano. Em todo o Estado, a degradação é mais significativa nas praias da Caponga e Itarema, que apresentam recuo de 7,3 m e 3,4 m ao ano, respectivamente.

O receio dos especialistas é de que a evolução do problema na Capital acabe transformando, de forma irreversível, o litoral, mesmo na Praia do Futuro, onde a faixa de areia sofreu aumento em decorrência do espigão do Porto do Mucuripe.

Nesse local, Jeovah Meireles estima que devam surgir eventos erosivos progressivos em médio e longo prazos, em virtude da ocupação irregular. Os processos erosivos, ao longo de toda a costa de Fortaleza, tiveram início após a implantação do Porto do Mucuripe, em 1945, que alterou o fluxo sedimentar, motivando o litoral a atingir uma nova posição de equilíbrio.

A erosão está evoluindo sobretudo porque as medidas adotadas pela gestão pública, como a construção de espigões e paredões, não são adequadas por bloquearem sedimentos que se acumulam nas estruturas.

Outro problema é que, em Fortaleza, o recuo mínimo para a construção de empreendimentos na costa, uma das medidas recomendadas por especialistas para tentar evitar a erosão, não é obedecido, como destaca o coordenador do Projeto Orla, Raimundo Félix.

A Lei Nacional de Gerenciamento Costeiro (Lei Federal 7.661) estabelece uma faixa de recuo mínima, valor que está contido no Plano Diretor de cada município. Porém, na maioria das cidades nordestinas, o limite não é obedecido por falta de fiscalização.

O assunto desperta a preocupação de estudiosos brasileiros, já que a erosão costeira deverá se agravar nos próximos anos devido às mudanças climáticas globais. Assim, o tema será tratado na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre de 5 a 30 de julho, na cidade de Natal (RN).

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