segunda-feira, 5 de julho de 2010

Litoral de Fortaleza passa por degradação contínua


Os processos erosivos tiveram início após a implantação do Porto do Mucuripe, que alterou o fluxo sedimentar.A erosão costeira - recuo da linha da costa para o interior do continente - vem provocando a sensível destruição da faixa litorânea da região Nordeste. No Ceará, a situação é preocupante, como ressalta o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles. "Dos 150 quilômetros que vão da praia da Caponga até o Pecém, 35% estão passando por uma fase impactante de erosão severa. O processo de degradação no Estado chega a 65%", revela.

Para ele, a ocupação irregular da zona de derma (faixa de praia onde ficam as barracas), das dunas e áreas de mangue, estruturas que protegem a costa da erosão, é a principal causa do desgaste do território costeiro no Estado. Isso porque a construção de empreendimentos imobiliários - como resorts e campos de golfe - provoca o déficit no balanço sedimentar, uma vez que eles ocupam áreas importantes para a dinâmica de sedimentos. As consequências são a perda dos patrimônios paisagístico, urbano, histórico e cultural, além do colapso nas atividades socioeconômicas. Já os danos ambientais são referentes à salinização e contaminação de águas subterrâneas e a diminuição da biodiversidade.

A elevação do nível do mar e o aumento da frequência das ondas, resultados do aquecimento global, também são responsáveis pelo processo de degradação do litoral cearense. Em Fortaleza, a estimativa é de que, em 2050, o mar aumente em 50 centímetros da linha de preamar. Com isso, as zonas costeiras ficarão inundadas e serão totalmente destruídas, caso medidas de contenção não sejam tomadas com urgência.

Muito mais do que em outras regiões brasileiras, o problema se agrava no Nordeste, onde o território é mais sensível à erosão porque a disponibilidade de sedimentos para as praias é muito reduzida, segundo o professor de Geologia da Universidade Federal da Bahia, José Maria Landim Dominguez. Fora disso, a região tem estados, assim como o Ceará, sem recursos disponíveis para recuperar as perdas.

Fonte: Cidades/ Diário do Nordeste

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