O colorido tomou conta das casas do Titanzinho, tornando-se um novo cartão-postal. Junto com as cores, vieram a pracinha, as lixeiras, os bancos na sombra - para quem gosta de assistir aos surfistas e antes sentava nas pedras -, e também os abraços dos jovens voluntários que realizaram o projeto Onda do Bem. Quem vê hoje os sorrisos e a tranquilidade de quem mora na comunidade, nem lembra o drama vivido ano passado, com a polêmica sobre a instalação do Estaleiro na praia. Em vez do medo de perder a morada e a vista da janela, que dá para o mar, o visitante se depara com os azuis, amarelos, rosas, entre outros tons vibrantes que desenham os muros do contorno da praia.
A Onda do Bem é um projeto social que busca levar arte, cor, vitalidade e dignidade a locais “onde o surfe é o coração da comunidade”. A frente do projeto estão a estudante de Arquitetura e artista plástica Bárbara Gonçalves, 23, e a publicitária Débora Corrêa, 24. “Essa é uma área que tinha muitas notícias negativas. No ano passado, teve a polêmica sobre o Estaleiro. A gente já surfava aqui e achava que tinha potencial e que seria fácil transformar isso aqui num lugar muito legal, com possibilidades de lazer, já que tem muitas escolas de surfe, tem essa vista para o mar”, lembra Débora.
O primeiro passo foi procurar as lideranças comunitárias do Titanzinho para apresentar a proposta, ouvir as necessidades da comunidade e discutir como elas gostariam de ver a mudança. “Eles pediram mais área de convivência, porque eles não tinham nenhuma. Baseado no que eles queriam, a gente elaborou um projeto”, conta Débora, acrescentando que a aceitação dos moradores foi melhor do que se imaginava.
A mobilização dos voluntários, inclusive de artistas que fizeram murais nas casas, foi toda feita pela Internet. Depois, a Onda do Bem começou a trabalhar na captação de recursos e materiais para a realização do trabalho. Ao todo, o projeto teve dois meses de duração, incluindo todas as etapas, e a “mão na massa” ocorreu durante dez dias, no mês de dezembro. A comunidade ganhou o espaço de convivência que tanto queria, com a pracinha pronta, ganhou bancos contornando a orla, para quem gosta de assistir aos campeonatos de surfe, e foram distribuídas lixeiras.
Só ficou faltando mesmo o que depende do poder público. “Eles reclamaram do esgoto que cai no mar. Isso foge da nossa capacidade de voluntários, é tarefa dos governantes”, aponta Débora. Segundo ela, o envolvimento dos moradores foi ótimo. “No começo, eram só voluntários, mas depois, eles (moradores) começaram a ajudar. Se não tiver a participação da comunidade, ela não cuida. Não adianta fazer nada aqui sem o envolvimento deles”, acredita.
Para ela, os próprios voluntários também se beneficiaram com a ação. “Muitas pessoas criaram uma relação com a comunidade. Mesmo depois do projeto, muitos voluntários continuam vindo aqui, até para surfar. Nós (idealizadoras) já éramos apaixonadas por esse lugar e com o tempo conseguimos colocar isso no coração de outras pessoas”, vibra.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Quando a Prefeitura afirmou que o Estaleiro não seria construído no Titanzinho, a comunidade ganhou um novo ânimo. Voluntários da Onda do Bem compareceram ao local, levando cores e elevando a autoestima dos moradores.
SAIBA MAIS
Fonte: Jornalista Lucinthya Gomes/ O POVO Online
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