O que técnicos da Secretaria do Planejamento (Sepla) de Fortaleza fazem avaliando as condições do Porto do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, para instalação do estaleiro cearense? A pergunta foi respondida pelo coordenador da Sepla, José Meneleu. “Fortaleza é uma cidade que hoje gera mais de 20 mil empregos formais ao ano em áreas como serviço, turismo, cultura. A contrapartida básica desse empreendimento (estaleiro) para Fortaleza é basicamente 1.200 empregos. Isso pode ser obtido com outros empreendimentos com menos impactos urbanísticos“, respondeu o técnico.
Para confirmar a declaração, Meneleu sustentou que isso significa que Fortaleza não precisa do estaleiro. “Não. Fortaleza efetivamente não (precisa). O estaleiro é estratégico para o Brasil, para o Ceará como um todo, mas do ponto de vista de Fortaleza as vantagens para a cidade são muito pequenas, há mais desvantagens do que vantagens“, frisou, deixando claro que a visita, composta ainda por um representante da Secretaria de Infraestrutura de Fortaleza (Seinf) e um representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), era técnica e nenhum dos membros da equipe tinha autorização de dizer qual a posição do município “porque essa é uma decisão política“, completou Meneleu.
Tarde demais. Faltando pouco mais de um mês para o prazo final & 30 de junho & estabelecido pela Transpetro para que o Ceará aponte o local onde será instalado o estaleiro, o representante de um órgão da Prefeitura de Fortaleza deixava claro que o empreendimento não era vantajoso para a capital cearense. A visita se configurou como uma tentativa de encontrar alguma forma para contribuir para que o Ceará não perca um equipamento relevante para economia do Estado, avaliando outros possíveis destinos para o estaleiro. “Se a gente analisar todos os sistemas de planejamento, inclusive do Governo do Estado, o único espaço que previa estaleiro era o Pecém“, argumenta.
Tiro pela culatra
Meneleu disse ainda que o grande problema é o tamanho do equipamento. “Um milhão de metros quadrados de área aterrada em qualquer lugar do mundo é muito, e tem grandes impactos numa cidade que já está totalmente urbanizada. Ainda mais na orla“, explicou. Ele argumenta que o Pecém foi cogitado inicialmente e depois descartado, mas que, com a visita da prefeita Luizianne Lins ao Estaleiro Atlântico Sul, que fica no Porto de Suape, no município de Ipojuca, distante 50 km de Recife, foi constado que o melhor era que o equipamento deveria ser instalado fora da capital.
Para Erasmo Pitombeira, diretor-presidente da Ceará Portos, que administra o Porto do Pecém, qualquer lugar pode receber a instalação de um estaleiro, o que deve ser observado é apenas o custo. “Todo porto ficaria fez tendo um estaleiro agregado“, disse. Mas o engenheiro deixou claro que, o Porto do Pecém tem uma estrutura offshore, ou seja, com piers longe da costa, e que um estaleiro nessas condições precisaria de um investimento muito alto. "Multiplique por oito a dez vezes o valor estimado, calcula. Para a construção do equipamento na faixa de praia, também seria necessários investimentos altos para preparação da área, que evitaria impactos ambientais".
Fonte: Negócios/ O POVO
sábado, 22 de maio de 2010
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