domingo, 23 de maio de 2010

Nem Titanzinho nem Pirambu


A novela sem fim do caso do estaleiro no Ceará ganha contornos cada vez mais intrigantes e até o que era considerado impossível passou a ser visto como possível. Sim, porque, se em princípio, tanto o governador Cid Gomes (PSB) como os empresários responsáveis diziam que a instalação do empreendimento só seria viável na praia do Titanzinho, após a série de cobranças públicas feitas por instituições e personalidades respeitadas, entre elas o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e o arquiteto Fausto Nilo, outras áreas passaram a ser também contempladas, primeiro a Indústria Naval do Ceará (Inace), na Praia de Iracema, depois o Pirambu e agora até o Pecém, onde também o governador havia dito ser impossível instalar um estaleiro pelo altíssimo custo.


Infelizmente, todas essas áreas passaram a ser vistas como potencialmente propícias para esse tipo de empreendimento somente depois de transcorridos meses preciosos, nos quais poderiam ter sido feitos diferentes estudos nas áreas vislumbradas para compará-las e assim ser possível verificar com dados objetivos seus prós e contras.Como o avesso disso, porém, foi o que prevaleceu, com decisões políticas tomando a dianteira de decisões que deveriam ser técnicas, estamos quase numa sinuca de bico: prazos exíguos para a realização de estudos e a emissão de licenças cobradas para a assinatura do contrato - a Transpetro determinou que isso deve acontecer até 30 de junho -, o que deixa o temor de que tudo seja feito às pressas e, até por isso, mal-feito.


Um passo para que se evite uma situação dessas foi dado na sexta-feira, com a visita, a convite da Prefeitura de Fortaleza, de representantes do IAB à região do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, para iniciarem um estudo de viabilidade técnica e financeira na área. Pelo que diz o instituto, em Fortaleza mesmo, não dá para o estaleiro ficar, já que os problemas vistos no Titanzinho seriam os mesmos em outras áreas da cidade. Possivelmente, os custos para a infraestrutura do estaleiro no Pecém são mais altos do que no litoral de Fortaleza. Daí, caberá ao governo do Estado concluir se valerá a pena pagar o preço.


Fonte: Kamila Fernandes/ Coluna Política/ O POVO

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