sábado, 9 de outubro de 2010

Maringá inova na arborização do espaço urbano


A relação das árvores com a urbanização não precisa conflitar. Maringá, no noroeste do Paraná, implantou calçadas ecológicas e mudou seus sistemas de iluminação e de rede elétrica, iniciativas que harmonizaram o espaço e diminuíram os gastos do município.

Uma medida foi a adoção de redes compactas protegidas. Nelas, cabos elétricos encapados são mantidos separados a uma pequena distância uns dos outros por uma borracha isolante. Já na rede convencional, os fios são desencapados e ocupam muito espaço por serem dispostos lado a lado. Isso os torna vulneráveis ao tempo e acaba gerando quedas na transmissão. Para evitá-las, é preciso fazer podas frequentes e prejudiciais às plantas.

Já em 1996 Maringá tinha 100% de sua fiação de alta tensão protegida. Ao todo foram instalados 370 quilômetros de rede a um custo, na época, de R$10,9 milhões, valor que, hoje, corrigido pela inflação, corresponderia a R$24,9 milhões. Em compensação, essa troca economizou em manutenção: diminuiu em 82% os episódios de queda de energia, principalmente em dias chuvosos (consequência da queda de galhos sobre os fios) e reduziu à metade as podas de árvores, que antes sofriam cortes drásticos para impedir seu contato com os cabos de alta tensão.

A cidade também foi pioneira na implantação da iluminação rebaixada, solução para evitar que as folhas e galhos formem barreiras à passagem da luz. Em vez de colocar as lâmpadas acima das copas, como é a norma, foram posicionadas abaixo, melhorando a luminosidade nas vias públicas. A adaptação custou cerca de R$12 milhões e permitiu abarcar com o sistema algo como 85% do território maringaense. “Quando começamos o projeto, nossos gastos com energia ficavam em R$604 mil e caíram para R$479 mil depois do rebaixamento”, afirma Roberto Orlandini, gerente de iluminação pública da Prefeitura. A diferença se traduz em uma economia de R$125 mil por mês.

Não é fácil planejar a arborização de uma cidade. No meio urbano, é comum que as árvores sofram com a falta de permeabilidade do asfalto e de espaço para o crescimento das raízes. Uma arborização mal feita leva a quedas de galhos e troncos, gerando custos e riscos para os munícipes. Por isso, a criação de calçadas ecológicas também foi uma iniciativa vantajosa. Esse tipo de calçada possui áreas permeáveis de 1,20 metro de largura por 2,40 de comprimento, evita danos às raízes e permite uma vida útil maior para a árvore. Melhora também a absorção da água de chuva. A Lei Complementar Municipal 335/99 tornou esse calçamento obrigatório nos bairros residenciais de Maringá e facultativo nos eixos comerciais.

O modelo da cidade está longe de ser considerado perfeito, mas prova que é possível – e talvez mais barato – adaptar o centro urbano às árvores do que o contrário.

Fonte: Portal O ECO


Nenhum comentário: