quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A proposta de reordenamento da Beira-Mar

O projeto de reordenamento da Beira-Mar prevê a engorda de 80 metros da faixa de praia, ao longo de 1.150 metros entre o atual espigão da Avenida Rui Barbosa e a Desembargador Moreira. Já em frente ao Náutico Atlético Cearense, haverá outro espigão, nos moldes do primeiro, para comportar a engorda de areia prevista.

De acordo com a coordenadora geral do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur) Nacional Fortaleza, Josenira Pedrosa, não há prazo para o início das obras. Não foi, ainda, iniciado o processo de licitação.

Segundo o procurador da República Alessander Sales, a Ação Civil Pública foi ajuizada pelo MPF contra a Prefeitura de Fortaleza, impedindo o andamento das obras sem qualquer padronização porque a situação "estava uma bagunça". De acordo com Sales, as construções eram desencontradas e não havia gerenciamento das obras como um todo.

Agora, com o termo de referência, Sales acredita que a Beira-Mar vai ganhar em beleza, organização e requalificação. Independente do que for feito, Alessander Sales adianta que o Ministério Público vai acompanhar de perto dos trabalhos e fiscalizar, na medida em que as fases foram acontecendo, inclusive as de licitação. Na opinião de Alessander Sales, as barracas têm de sair da Beira-Mar "urgentemente". Os arquitetos Ricardo Henrique Muratori de Menezes, Fausto Nilo e Esdras Santos ficaram com o primeiro lugar no Concurso Nacional de Ideias promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil Seção Ceará (IAB-CE). O projeto vai nortear as ações e os serviços de Reordenamento Geral e Projetos Arquitetônicos, Urbanísticos e Paisagísticos da Beira-Mar.

Restaurantes bem estruturados de um lado, barracas deficientes de outro. Turistas e fortalezenses fazendo compras sem grandes preocupações com o pagamento, pedintes ao longo do calçadão. Na Avenida Beira-Mar, o cenário ao longo dos 3,5 quilômetros de via é de muitas incoerências sociais, econômicas e culturais.

Entre as barracas, a maioria fez intervenções por conta dos proprietários ou ocupantes, mas o conforto ainda é deficiente. Enquanto as cozinhas se expõem com azulejos nas paredes, os telhados têm telhas desgastadas, quando não são apenas palhas fazendo a cobertura.

Desorganização

Na faixa de praia, cadeiras e mesas se dispõem sem qualquer organização ou padrão, muitas vezes chegando até perto do mar. Nos espaços, não é raro os banhistas disputarem lugar com o filete de esgoto que escoa de ligações improvisadas para o mar. Há banheiros que nem ferrolho na porta têm.

Entre as ruas Oswaldo Cruz e Joaquim Nabuco, uma barraca foi demolida há cerca de um ano. O local, segundo trabalhadores da região, era ocupado por um italiano que utilizava o espaço como se ali fosse uma boate, infringindo a Lei do Silêncio e expandindo a área ocupada sem devida autorização.

"Investimos tudo aqui. Infelizmente, muita gente confunde, coloca como se todos errassem. Mas muitos aqui trabalham honestamente, passam dia e noite aqui, batalhando", defende-se o gerente Marcos Antônio Nascimento, que trabalha na área há 14 anos.

Para a turista de São Paulo Flávia Mesquita, de férias na cidade com o esposo e a filha de sete anos, o local tem beleza singular, mas está beirando o abandono. "Muitas vezes a gente não consegue andar, tamanha a abordagem. O lixo também está em toda parte", diz.

Fonte: Cidades/ Diário do Nordeste

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