terça-feira, 12 de outubro de 2010

Recém-urbanizado, espigão já sofre com atos de vandalismo

Do meio pro fim, o espigão da Beira Mar, na altura da rua Rui Barbosa, já está todo pichado. A cerca branquinha foi riscada de vermelho e preto. O chão também está sujo de spray. Rasgaram a madeira com canivete e pintaram frases até nas pedras, na ponta do espigão. Assinam nomes de bairro e siglas indecifráveis, louvam Jesus e o amor da escola. E o espigão, tão novo, vai começando a enfeiar.


“Dá uma tristeza”, diz Tadashi Enomoto, coordenador da Associação Amigos da Beira Mar. Ele sugere mais policiamento. Foi justamente na hora da troca de turno dos policiais do Ronda do Quarteirão, que cinco garotos picharam o espigão na última sexta-feira. O vendedor de coco, Antônio Vieira da Costa, 37, espantou o grupo aos berros. “Eles saíram porque gritei. Ficaram ainda um tempo no mar”, conta. Eram 14h30min. “Não precisa ser de noite não”.


No corredor do espigão, algumas porcas dos parafusos usados no guarda-corpo foram retiradas. Quebraram uma luminária e levaram a lâmpada. “Aqui em Fortaleza sempre tem vandalismo. Se não tiver gente observando, vão fazer isso direto”, constata o pequeno Gabriel Alves, 10. A coopista Célida Cavalcante acredita que uma boa saída é ter os hotéis da orla cuidando do novo cartão postal. “Eles podiam se juntar pra isso, contratar um vigilante 24 horas”.


A adolescente Agatha Creston, 16, foi com os amigos aproveitar o fim de tarde no pontão de pedras e também reparou na sujeira. “Tem que ter conscientização. É um espaço nosso e um cartão de visita. Antes de reclamar dos governantes, a gente tem que prestar atenção nas nossas ações”, ensina. José Sales, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento Ceará, passeava ontem no espigão. Ele sugere soluções práticas para contornar o vandalismo.


“As luminárias, por exemplo. Poderiam estar num poste bem mais alto. Longe de alcance. Ou então no piso, blindadas”. O amigo e arquiteto Campelo Costa, secretário de cultura e turismo de Sobral, lamenta a falta de conexão com a praia. “Sempre houve uso social do espigão. As pessoas nadam aqui, sempre nadaram. Podia ter uma abertura e um pranchão pros saltos”, sugere.


Sem a prancha, o pessoal vai se arriscando mesmo. No fim da tarde, o espigão recebe um monte de gente. Pescadores de ocasião, amigos, namorados, cachorros, coopistas e flaneurs. É um sucesso.

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