A cada 750 metros dos 27 Km de orla, é encontrado um ponto poluente e que causa sérios danos ambientais.
O litoral de Fortaleza, cartão-postal da cidade, está em perigo. Relatório técnico semestral da Superintendência Estadual de Meio ambiente (Semace) sobre a qualidade das águas das praias da Capital cearense revela dados preocupantes. Dos 31 pontos monitorados pelo órgão, em 27 quilômetros de orla - da Barra do Ceará à Sabiaguaba - 18 estão impróprios para banho há muito tempo.
O estudo da Semace é relativo ao período de janeiro a junho deste ano e foi entregue à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). O documento obedecendo ao convênio de cooperação técnica 29/2010 firmado entre os dois órgãos. O objetivo é avaliar como a implantação do sistema de esgotamento sanitário influencia na qualidade dos pontos para banho e serve como base para o planejamento de obras do Sanear II.
Na análise, a Superintendência identificou 36 fontes poluidoras que jogam dejetos na orla de Fortaleza. Desse total, 33 são galerias pluviais que deveriam receber apenas água da chuva, mas carregam também esgoto para o mar, resultado de inúmeras ligações clandestinas. Em média, a cada 750 metros do litoral há um ponto jogando diretamente sujeira para a praia.
O estudo teve como referência a quantidade de coliformes termotolerantes por 100 mililitros (ml) de água obtidos nas últimas cinco medições. Se em pelo menos duas delas houver mais de mil coliformes por 100 ml, a água é considerada imprópria para contato primário ou seja, para banho.
A metodologia utilizada divide os 27 quilômetros de extensão da orla em três setores: Leste (da foz do Rio Cocó ao Porto do Mucuripe), Centro (do Porto do Mucuripe ao Aterro da Praia de Iracema) e Oeste (do Aterro da Praia de Iracema até a Barra do Ceará).
Segundo o relatório, as praias situadas a Oeste de Fortaleza, principalmente entre o Marina Park e Barra do Ceará estão em situação crítica.
A situação ambiental piorou em um ano. De acordo com o técnico ambiental da Semace, Alisson Oliveira, vários fatores interferem na balneabilidade das praias. Contudo, afirma, as chuvas atípicas no primeiro semestre de 2011 propiciaram declínio anormal na qualidade das praias. "As águas de chuva contaminadas pelos poluentes carreados da lavagem superficial do solo e de cursos d´água poluídos e da atmosfera (poluição difusa), provocam variações consideráveis na qualidade ambiental das praias", ressalta.
Segundo ele, os laudos das fontes poluidoras, em sua maioria, apresentaram também resultados elevados do número de coliformes termotolerantes, tendo em vista o lançamento de esgotos clandestinos em galerias pluviais e disposição inadequada de resíduos sólidos.
O diretor de Operações da Cagece, André Facó, afirma que um dos problemas é a falta de informação. "O uso inadequado dessas estruturas potencializa a poluição. E não deveria ser assim, já que Fortaleza é uma das poucas capitais a ter sua faixa litorânea praticamente toda atendida com rede de esgoto".
Ele adianta que a Cagece vem tomando atitudes para evitar extravasamento ou fugas de esgoto da rede. A partir de outubro, diz, a Companhia iniciará processo de desassoreamento do interceptor leste, na Beira-Mar, o que desafogará as tubulações de esgoto da Praia do Futuro, Serviluz e Vicente Pinzón.
Perigo
33 locais monitorados pela Semace são galerias pluviais que carregam esgoto para o mar, resultado de inúmeras ligações clandestinas.
Fonte: Diário do Nordeste Online. Imagem da Praia do futuro: na Avenida Dioguinho, bueiros estourados causam danos ambientais, uma vez que os esgotos se misturam com as águas fluviais desaguando no mar
Fotografia José Leomar.
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