Aproximadamente 80% dos aquíferos (armazenam água subterrânea) de Fortaleza estão poluídos. Segundo o representante da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, Mario Fracalossi, essa contaminação deve-se a esgotos clandestinos, destinação inadequada do chorume do aterro do Jagurussu e perfurações ilegais de poços.
"Sem falar na ocupação desenfreada da orla, que ocasiona o rebaixamento do lençol freático. Precisamos de mais fiscalização e responsabilidade nessas construções", disse Fracalossi.
Além dos aquíferos, a destinação inadequada do esgoto residencial, tem sido responsável pela maior parte da poluição do litoral. Para se ter uma ideia da situação, o relatório técnico semestral da qualidade das águas das praias e fontes poluidoras na orla de Fortaleza, elaborado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), diagnosticou que as galerias pluviais são as maiores poluidoras.
"Isso por conta da grande quantidade de esgoto clandestino que cai nessas galerias", informou o representante da Semace, Alisson Melo de Oliveira.
Pelo visto, apesar dos avanços na década, no que se refere à abrangência da rede coletora de esgoto, que passou de 44,40% em toda Capital, em 2000, para 59,56%, em 2010, melhorias precisam ser feitas em caráter de urgência. Pelo menos é o que afirmaram, ontem, os especialistas na área, em audiência pública, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
IBGE
Para se ter uma ideia da situação, dos 710.066 mil domicílios de Fortaleza, exatos 422.933 estão ligados a rede geral de esgoto ou pluvial, o que representa 59,56% do total de habitações. Em relação as capitais nordestinas, Fortaleza está em terceiro lugar em percentual de habitações ligadas a rede, ficando atrás apenas de Salvador (90,79%) e Aracaju (72,20%).
Os dados são referentes aos resultados preliminares do Censo Demográfico 2010. Segundo o estudo, no âmbito nacional, a Capital figura em 11º lugar em percentual de domicílios ligados a rede de esgoto.
Porém, os especialistas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que isso não significa que todos os domicílios estejam com esgotamento sanitário correto, ou seja, existe dentro deste universo de residências um percentual que também destina seus dejetos a rede pluvial (rios, lagoas e mar), o que causa poluição.
Segundo o titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), Deodato Ramalho, são feitas, em média, 400 autuações de ligações clandestinas por mês. "As pessoas têm que ter consciência que isso é crime ambiental, passível de multa e de processo judicial. Engana-se quem pensa que essas ligações só acontecem na periferia, nos bairros nobres também é rotina", diz.
CAGECE
Apenas 52% da malha viária têm saneamento
Hoje, apenas 52% da malha viária de Fortaleza possuem infraestrutura de esgotamento sanitário. O que corresponde aos bairros adjacentes a orla marítima da Capital. Os dados são da Companhia de Água Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Porém, mesmo em áreas onde já há rede de coleta de esgotos, ainda existem ligações clandestinas na rede de captação de águas pluviais, que irão desaguar em riachos, rios ou no mar.
Segundo o gerente de Negócios da Cagece, Helder Freire , a companhia está construindo três novas estações de tratamento na cidade, para melhorar a qualidade dos efluentes lançados nos mananciais de água. "Em dez anos pretendemos universalizar o serviço de esgotamento sanitário da Capital", disse Freire.
Ele informou que 50% das obras de saneamento das baciais do Cocó e do Siqueira já foram concluídas, e que até 2013 é a previsão para o término. "Essa parte corresponde a 10% da malha viária de Fortaleza, foram investidos aí R$ 64 milhões".
Para os 38% de malha viária que ficam na região Sul da Capital, e que ainda não receberam as obras de saneamento, Freire explicou que projetos estão sendo contratados para universalizar o serviço.
Em audiência pública para debater a poluição na orla de Fortaleza por conta do esgotamento clandestino, realizada ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), o titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), Deodato Ramalho, destacou que a destinação incorreta dos resíduos torna a população vulnerável a doenças de pele, gastrointestinais, entre outras. "Por isso os investimentos em saneamento trazem benefícios coletivos", frisou.
Apesar dos avanços das obras de saneamento na cidade, ainda é possível identificar em áreas nobres e na periferia da cidade problemas de esgotamento sanitário, acarretando poluição.
Fonte: Diario do Nordeste/ Cidades
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