Esta semana, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que cria o Fundo Nacional sobre Mudanças do Clima. Esse fundo vai ser abastecido em boa parte com recursos da exploração do petróleo e da mineração já destinados ao Ministério do Meio Ambiente e tem como meta financiar projetos para reduzir o desmatamento e incentivar novas tecnologias ecologicamente corretas para o setor produtivo não parar.
A previsão é de captar R$ 720 milhões por ano, incluindo possíveis doações de empresas privadas. A aprovação do fundo seguiu outra questão climática discutida esta semana na Câmara, a do Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas, que prevê que a área de plantio de arvores deve passar, até 2020, de 5,5 milhões de hectares para 11 milhões, também como meio de combater o aquecimento global. Os dois projetos agora serão analisados pelo Senado, para ainda em dezembro serem levados pelo presidente Lula a Copenhague para mostrar que o Brasil, apesar de país "em desenvolvimento", também pode fazer a sua parte nessa história.
É engraçado que a maioria das pessoas comuns (e eu me incluo nessa relação) ainda não tenha se dado conta da gravidade da situação vivida no mundo hoje. As projeções, de tão catastróficas, acabam sendo pouco acreditadas, ainda mais quando a agenda mundial mais premente é a "recuperação da economia", o que, de quebra, significa ter de poluir mais para produzir mais
gastando menos.
Aprovar projetos com teor ambiental como esses não deixa de ser um avanço, mas não dá para acreditar que só com isso o Brasil estará fazendo de fato a sua parte. Em nome do desenvolvimento, ainda estão em curso projetos que vão exatamente na contramão desse discurso, como termelétricas e siderúrgicas a carvão, que, por mais riquezas que possam trazer, inevitavelmente jogarão no ar toneladas do tão condenado dióxido de carbono, vilão máximo do aquecimento global.
Mais uma vez, vai pra mesa o embate entre discurso e prática: de nada adianta belos projetos e pregações de que vamos contribuir para a redução dos gases maléficos para o planeta, se incentivamos esse tipo de empreendimentos. Por outro lado, não dá para acreditar que é melhor ficarmos longe do desenvolvimento, renegando termelétricas e siderúrgicas, em prol de um meio ambiente mais saudável.
Se cada um deixasse de pensar só em benefício próprio, incluindo a necesssidade de lucros estratosféricos que poucas vezes se revertem em benesses sociais, para aderir, sempre que for possível, a soluções mais inteligentes que tenham em vista o futuro da sociedade, com certeza seriam encontrados meios de se harmonizar a busca pelo desenvolvimento com o cuidado para a preservação da própria espécie humana.
Coluna Politica do Jornal O POVO por Kamila Fernandes.
domingo, 1 de novembro de 2009
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