Só 23 candidatos dentre os 100 inscritos entregaram as propostas que foram julgadas por um juri renomadissimo que incluia entre outros os Arquitetos Fabio Penteado, Rosa Grena Kliass, Mateus Gorovitz e Roberto Martins Castelo, além dos arquitetos indicados pela Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Os currículos dos membros da comissão julgadora:
Fábio Moura Penteado
Testemunha do nascimento do que se convencionou chamar de Escola Paulista de Arquitetura, Fábio Penteado foi parte integrante e ativa de um grupo de arquitetos que buscava modernidade e novos ares em meio ao provincianismo da São Paulo da década de 1950. Recém-formado pelo Instituto Mackenzie, em 1954, passou a conviver, num mítico IAB, com grandes nomes da arquitetura nacional, entre eles Ícaro de Castro Mello, Eduardo Kneese de Mello, Rino Levi, Paulo Mendes da Rocha e, em especial, Vilanova Artigas, do qual foi parceiro de trabalho e grande amigo.
Fábio Penteado conhece a história da arquitetura de São Paulo como poucos: viveu plenamente o antes, o durante e o depois do desenvolvimento tardio dessa arte na capital paulista, nascida da força de um poder público centralizador e do entusiasmo democrático e ingênuo de toda uma geração de arquitetos. Em meio a tantas atividades paralelas, sua jornada dentro da profissão desenvolve-se de maneira coerente ao seu pensamento de liberdade criativa e uso apropriado dos materiais, assim como pregava seu mestre Artigas.
Participou de inúmeros concursos nacionais e internacionais, que considera "a forma mais democrática de contratação, além de possibilitar maior liberdade na relação arquiteto-cliente". Logo no primeiro ano de formado, Fábio Penteado recebe o Prêmio Governador do Estado pelo projeto da Estação de Tratamento de Água do ABC (1954), feito em parceria com Ringo Kubota, e segue com propostas em que preserva a movimentação do indivíduo dentro do espírito coletivo da cidade.
Participa de concursos com parceiros fiéis e em grupo propõe planos em grande escala como as reurbanizações do Novo Centro de São Paulo e dos Souks de Beirute, projetos de parques e novos eixos urbanos, conjuntos habitacionais como o Parque Cecap em Guarulhos, edifícios como a megatorre do Vale do Anhangabaú e o Hospital-Escola Júlio de Mesquita Filho, destinado a ser a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Em paralelo ao crescimento de seu trabalho na prancheta, cresce também uma militância que o levou a ser eleito presidente do IAB Nacional no biênio 1966/1968, em que promoveu uma maior participação de arquitetos de todos os estados, dissolvendo a forte política centralizadora do eixo Rio-São Paulo. Sua participação em defesa da classe continuou e o levou a ser membro atuante da União Internacional de Arquitetos e a ser presidente da 2a Bienal Internacional de Arquitetura, em 1993, e diretor da Fundação Bienal até 1995. 2.
Matheus Gorovitz
Graduado (1963), mestre (1989) e doutor (1996) pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; estágio de pós-doutorado na Universidade Paris I Sorbonne (2000). Atualmente é professor titular aposentado do Departamento de Teoria e História da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Professor de Licenciatura em Artes Visuais do Curso de ensino a distância da Universidade de Brasília responsável pelo módulo História das Artes Visuais I.
Autor dos projetos da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados, do Posto de Abastecimento e Serviços e Pavilhão Múltiplo Uso, todos no Campus da UnB. Atua principalmente nas disciplinas de Estética do Projeto e História da Arte e da Arquitetura. Publicou: Brasília, uma questão de escala e Os Riscos do projeto. Participa do Grupo de Pesquisa Projeto e Estética sediado na FAU UnB. 3.
Roberto Martins Castelo
Nasceu em Fortaleza e é formado pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da UnB, onde pode assimilar o projeto moderno daquela cidade em toda a sua plenitude, premissa esta que faz com que ele admita, sem reservas, ser um "moderno empedernido". De volta à Fortaleza, difundiu o ideário moderno entre os alunos da Escola de Arquitetura da UFC e pela cidade, em sua atividade projetiva. É responsável por obras emblemáticas em Fortaleza, dentre elas a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, o Instituto Médico Legal e a igreja N. S. da Glória.
Rosa Grena Kliass
É considerada uma das mais importantes figuras da história do Paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo. Entre suas obras mais significativas estão a reforma do Vale do Anhangabaú e o projeto paisagístico do Parque da Juventude, ambos na cidade de São Paulo; o Parque do Abaeté e o Parque de Esculturas do MAM-Bahia, em Salvador; o Parque Mangal das Garças e o Projeto Feliz Luzitânia, em Belém; e o Parque do Forte – Complexo Fortaleza de São José, em Macapá.
A obra de Rosa kliass reflete o papel do paisagista na cena contemporânea e do potencial do paisagismo para colaborar com a sustentabilidade das cidades, sempre enfatizando o “espírito do lugar”. Sua obra é um contraponto à pasteurização estética incutida pela globalização, que provoca fortes impactos nos ecossistemas locais, na biodiversidade e na aniquilação da cultura local.
Os projetos de Kliass, ao contrário, têm significados, pois trabalham com a paisagem a partir de um conhecimento holístico, integrado, abordando as diversas escalas juntamente com profissionais de outras especialidades de forma pluri, inter e trans-disciplinar. Para ela, conhecer o suporte físico (geomorfologia, hidrologia, solos etc.) e os ecossistemas associados (considerando flora e fauna) é fundamental para atuar de forma consciente e sustentável na busca pela consolidação de uma estética ecológica.
Rosa Kliass formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística, sendo ganhadora de inúmeros prêmios nesta área. Sagrou-se também como consultora de diversos órgãos estatais, autora de vários trabalhos publicados no país e no exterior. Seu trabalho teórico também possui certa relevância, sendo autora do livro Parques urbanos de São Paulo, desenvolvido a partir do tema de sua dissertação de mestrado, defendida em 1989 na FAUUSP. É fundadora e ex-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP).
domingo, 13 de dezembro de 2009
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