sábado, 12 de dezembro de 2009

Tarifa verde em prol do Icaraí


Quanto você pagaria pela recuperação e conservação do lugar em que você vive ou da praia que você costuma frequentar? Ao sentir na pele os prejuízos causados pelo processo erosivo que a Praia do Icaraí vem sofrendo nos últimos dez anos, moradores, comerciantes, esportistas e banhistas da praia localizada no município de Caucaia se mostraram, sim, dispostos a colaborar com a recuperação da área, inclusive tirando do próprio bolso, apesar de terem visto diversas iniciativas de combate à erosão litorânea no Estado ficarem apenas na promessa.

Esta é uma das conclusões da pesquisa realizada pela engenheira de pesca, Elana Medeiros, em sua monografia de conclusão de curso. A pesquisa busca trabalhar o gerenciamento costeiro a partir da perspectiva econômica e da participação da comunidade. A pesquisadora faz parte do Núcleo de Estudos em Economia do Meio Ambiente (Neema), do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC).Problemas econômicos.


Como moradora e surfista do Icaraí, Elana acompanha de perto o desaparecimento da faixa de praia por conta de intervenções feitas em praias como as do Pacheco e Iparana, o que já acarretou em problemas econômicos e sociais para o local, conhecida pela atividade turística."Antes da pesquisa, não havia informações sobre essa possibilidade de participação das pessoas por meio de um financiamento. Nós nos surpreendemos com a resposta positiva, 97% dos entrevistados disseram que poderiam contribuir, dentro de suas possibilidades", afirma a engenheira de pesca.

Desde o fim de 2008, Elana Medeiros vem participando de reuniões com a comunidade e a Secretaria de Turismo de Caucaia. Além disso, nos meses de outubro e novembro deste ano, a pesquisadora aplicou um questionário a um grupo de 70 pessoas que utilizam, trabalham ou vivem no Icaraí sobre a possibilidade de desembolsarem pela conservação da praia. A partir da metodologia de análise de contingente e somando as contribuições, ela calcula que seria possível chegar a um montante de R$ 1,5 milhão para o controle da erosão no Icaraí.

"É claro que não resolve esta tendência desastrosa de erosão, mas poderia ser utilizado em ações de Educação Ambiental ou mesmo de manutenção de um grande projeto de intervenção do governo". Segundo ela, a Secretaria de Turismo de Caucaia calcula que o combate à erosão no local custaria cerca de R$ 30 milhões.
Fonte: Jornalista Karoline Viana/ Diário do Nordeste. Fotografia Miguel Portela.

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