sexta-feira, 5 de agosto de 2011

87,5% das águas do Rio Cocó estão poluídos


Esgotos clandestinos e despejo irregular de lixo são as principais causas da degradação ambiental do recurso hídrico.

O Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos do Ceará, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), diagnosticou que o Rio Cocó está poluído em praticamente toda a sua extensão. A constatação veio após a detecção de que, dos seus oito pontos de monitoramento, sete indicam poluição, ou seja, 87,5% do rio.

As principais causas desta degradação são os esgotos clandestinos e o despejo irregular de lixo, aponta a Semace. O rio tem a sua nascente em Pacatuba, na Região Metropolitana, e a foz no litoral de Fortaleza. Segundo o relatório, somente a nascente é considerada balneável.

As informações preliminares do programa confirmam o que foi detectado pelos próprios especialistas do órgão em visita ao Rio Cocó, no último dia 15, e publicado, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste na edição do dia 21 de julho.

Na época, uma equipe composta por integrantes da Semace, representantes do Curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e técnicos ambientalistas de Fortaleza, detectaram vegetação seca, árvores caídas ao longo do parque, esgotos e níveis de graxa e óleo nas águas do Rio Cocó, além de uma intensa impermeabilização do solo do mangue. A emissão de efluentes domiciliares e industriais no manancial, que desembocam através de bueiros e estações de tratamentos contaminadas, foram apontadas pelos técnicos como as principais causas.

Para a Mestre em Geologia Ambiental, Márcia Thelma Rios Marino, esse é o resultado da frágil ou inexistente política de educação ambiental e habitacional. "O fato de a ocupação das margens do rio, onde fica a mata ciliar, é o reflexo dessa frágil política habitacional. Desde a época de imigração, onde os povos fugiam da seca, isso vem acontecendo e nada se vê de efetiva mudança", disse.

Além desses fatos, ela citou a questão educacional e a fiscalização. "Nós temos um excelente Plano de Educação Ambiental, mas é preciso por em prática. Para se ter uma ideia da situação, é a deficiência no ensino de preservação ao meio ambiente nas escolas. Nas públicas, é muito raro ver pelo menos lixeiras seletivas", apontou. Segundo Márcia Thelma, já existem vários métodos, estratégias e técnicas para mitigação desses impactos ambientais aos recursos hídricos. "Isso já ocorre em algumas áreas, como a urbanização de algumas áreas do Cocó e Maranguapinho, com a implementação de quadras e outros espaços que impedem a degradação por parte da população, pois ela passa a ocupar aquele espaço de uma maneira saudável", afirma.

Estudo

O programa de monitoramento envolve 102 pontos em recursos hídricos nas 11 bacias hidrográficas de todo o Ceará. Deve ser apresentado um diagnóstico ambiental da qualidade das águas dos principais rios do Estado ao fim do ano. As coletas são realizadas quatro vezes por ano, divididas entre a quadra chuvosa e de estiagem. De acordo com o gestor ambiental da Semace, Lincoln Davi Mendes, esse trabalho deve auxiliar na fomentação de políticas públicas de proteção e recuperação das águas superficiais continentais do Estado.

Fonte: Caderno Cidade/ Diário do Nordeste. Imagem do Ecossistema comprometido: estudo da SEMACE revela que somente a nascente do recurso hídrico é balneável. Todo o restante do rio está poluído e comprometido.Fotografia Cid Barbosa

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