domingo, 28 de agosto de 2011

Restauração das margens do Riacho Alagadiço

Segundo membros do Movimento Pró-Parque Rachel de Queiroz, a prefeitura de Fortaleza "planeja" executar uma drenagem das margens e canalização do Riacho Alagadiço. Não sei qual o argumento utilizado pelos técnicos, nem qual a necessidade urgente apresentada pelos moradores da área.

Na ânsia de dar satisfações a opinião pública, a prefeitura opta por uma medida faraônica, impactante, que tende com o tempo piorar a situação do ecossistema urbano. Sem combater as principais causas do problema de drenagem apresentado na área. A prefeitura com essa ação colocará uma pá de cal sobre o riacho e não no problema.

Começo minha crítica no macro - o zoneamento construitivo que não respeita singularidades ambientais - como o caso do bairro alagadiço - que tem índices construtivos idêenticos ao da parquelândia por exemplo, que repousa em terras firmes. Aceitar que a região é alagadiça é o primeiro passo e respeitar, o segundo.

A canalização do riacho reduzirá a posição na hierarquia de proteção ambiental. Por exemplo - é considerado área de preservação todo o perímetro de 15 metros de margem, com a canalização isto caí para 2,5m. Acarreta numa maior permissividade construtiva - incidindo na impermeabilização excessiva do solo.

Enquanto em diversas esferas sociais no mundo discutem modelos e ações ecologicamente sustentáveis, a prefeitura se mostra insensível aos novos reclames mundiais, ditando um padrão de engenharia ambiental obsoleto.

A obsolecência deste modelo é clara nas novas intervenções aplicadas em todo o mundo - a criação de sistemas de parques (que não é uma idéia nova - e o alagadiço participa como integrante de um sistema de parques pensado e parcialmente executado no governo de Lucio Alcantara, na década de 1980), descanalização de rios e riachos, e um zoneamento urbano integrado e ambientalmente sustentável.

Neste caminho, um caso emblemático aconteceu na capital da Coréia do Sul, Seoul. A cidade cresceu no entorno do Rio Cheonggyecheon. Até meados de 1950 devido ao inchamento da cidade, as margens do rio serviram de moradia. As insalubres ocupações foram retiradas pelo pretexto de drenar a região e colocada em seu lugar a canalização maciça do rio. A situação só piorou desde então com a construção de uma Freeway em dois níveis.

A poluição sonora, do ar, e das águas tornaram as margens do riacho uma ameaça à vida. No intuito de regenerar a área foi estabelecido na década passada um plano ambicioso por seu porte e pelo tempo de execução. Em 2003 é implodido o elevado sobre o rio. De 2003 a 2005 implanta-se o parque marginal ao rio que foi completamente descanalizado.

Fonte: Movimento Pró Parque

Nenhum comentário: