Lonas cheias de mercadoria sobre os paralelepípedos tombados da rua José Avelino são proibidas. Mas, durante as feiras de atacado das segundas às quintas-feiras, a prática voltou a ocorrer.
O ambulante Luciano Gomes, 33, chegou à rua José Avelino às 13 horas de sábado porque precisava “marcar o canto” onde venderia as mercadorias importadas desde as primeiras horas de domingo até as 9 horas de ontem. Para não perder o ponto onde instalou um mostrador cheio de bermudas coloridas e carteiras de dinheiro brilhosas, revezou o plantão com a esposa, Ana Girão, 38. Tudo pelo lucro dobrado do Natal.
Luciano calcula em R$ 500 o arrecadado da maratona - duas vezes o valor embolsado em fins de semana corriqueiros. “Teve feira que já chegou a dar R$ 800 (neste dezembro). É muita gente, não consegue nem se mexer direito”, testemunha o ambulante. Para os donos dos boxes dentro dos galpões, o “não conseguir se mexer direito” é culpa dos próprios ambulantes que, há cerca de dois meses, voltaram a instalar os stands improvisados de mercadoria na pista da José Avelino.
Conforme levantamento realizado pela Secretaria Extraordinária do Centro de Fortaleza (Sercefor) às segundas e quintas-feiras, cerca de 70 ônibus interestaduais chegam ao Centro apinhados de consumidores para essa feira. A secretária da pasta, Luiza Perdigão, estima o dobro de veículos em dezembro. Tanto cliente aumenta o frisson dos comerciantes e espalha lonas ao longo da José Avelino, obstruindo a passagem dos pedestres.
“O sacoleiro não tem liberdade pra transitar”, reclama o fabricante de confecção feminina Mauro Costa, 48. Instalado num dos galpões da Avelino há dois anos, Mauro paga R$ 200 mensais pelo espaço e de domingo para segunda-feira, vende cerca de 4 mil shorts de cotton a R$ 5,50 cada. “Mas em dezembro tem o décimo terceiro dos funcionários da fábrica”, lembra Mauro.
Clientes
Uma das muitas sacoleiras transitando pela rua, Antônia Alves já parecia mais à vontade. Há 27 anos, deixou “de trabalhar em firma” e passou a vender nos bairros de Uruburetama, interior onde mora (a 120 quilômetros de Fortaleza), tudo o que compra em Fortaleza. “Não tenho vendedor certo. Saio pesquisando. Aqui na rua é bom porque é mais barato do que no galpão, mas às vezes também compensa (comprar no box)”, narra a sacoleira.
ENTENDA A NOTÍCIA
SAIBA MAIS
A ocupação comercial dos arredores da rua José Avelino se intensificou desde a extinção da antiga Feira da Sé, quando os ambulantes foram relocados para galpões no Centro e em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza
Quem não foi beneficiado com um ponto perto da Praça da Sé acabou retornando e fazendo mais volume na faixa da rua Conde D’eu entre a Catedral Metropolitana de Fortaleza e a rua José Avelino.
FISCALIZAÇÃO
Fonte: Reportagem Janaína Brás/ O POVO Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário