O Museu de Paleontologia de Santana do Cariri é considerado o coração do projeto Geopark Araripe, em Santana do Cariri. O POVO foi ver de perto como está o local, em refoma há um ano. Para resgatar como era a rotina do cenário, hoje em construção, a equipe contou com a memória do ex-coordenador de guias do museu e atual guia turístico da Prefeitura, Henrique Duarte.
Mas as lembranças começaram a ficar doloridas com a entrada no prédio.Livros da antiga Biblioteca, antes aberta à comunidade, permanecem numa estante, cobertos de pó. Dividiam o espaço do salão principal com os trabalhadores em plena finalização da obra. Os vestígios da reforma também tentam esconder expositores com fósseis dentro, réplicas de dinossauros, uma maquete que antes representava todos os estratos geológicos do Geopark, mobiliário, material de laboratório e equipamentos de informática.
O pó também não é suficiente para acobertar uma pilha de fósseis formada no salão principal do museu. Em outra sala, caixas de papelão rasgadas acolhem outros seres fossilizados, a poucos passos de um acesso lateral para a rua, sem segurança. Dá vontade de chorar. Eu sei o valor que isso tem, tanto científico como histórico", diz, segurando e explicando as peças onde bate o olho. "Esse fóssil aqui é tridimensional. Dá para saber qual foi a última refeição do peixe".
Questionado sobre o procedimento da reforma, o Reitor da Urca, Plácido Cidade Nuvens, que foi fundador do museu, declarou que O POVO "atinou para algumas negligências da empreiteira (responsável pela obra)" e, por isso, estaria "fazendo drama". Segundo ele, o cenário encontrado era insignificante diante da importância da reforma, que estaria quebrando um jejum de quatro anos sem investimentos.
Além disso, os fósseis do acervo do museu estariam divididos entre uma sala especial ou guardadas em estantes, trancadas à chave.Os fósseis encontrados no prédio em reforma seriam resultado de apreensão da Polícia Federal (PF) nas ações de combate ao contrabando e estariam sob a guarda do Departamento Nacional de Proteção Mineral (DNPM). De acordo com o Reitor, a previsão é de que o museu seja reaberto em outubro.
O Geólogo Artur Andrade, responsável pelo escritório do DNPM na região do Cariri, confirma a origem dos fósseis. No entanto, eles teriam sido doados pela PF ao Museu de Santana há cerca de quatro anos. "Se eles estivessem sob a guarda do DNPM, estariam no nosso escritório, não no Museu. (O material) não deixa de ter valor científico. Deveria estar num lugar melhor preservado, não junto com cimento, poeira, ao bel prazer."
Fonte Reportagem Larissa Lima para o jornal O POVO
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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