sábado, 29 de dezembro de 2007

O Professor/ Arquiteto José Sales é o Homem de Estilo do caderno Gente do Diário do Nordeste

Na entrevista, deste Domingo, 30/12/2077, existem considerações sobre o futuro de Fortaleza, a preservação do meio ambiente, o verdadeiro significado da expressão Fortaleza Bela, a ocupação irregular e predatória dos espaços públicos de Fortaleza, o que esta cidade tem de melhor e de pior e o que seria uma cidade boa de se viver.

Seguem trechos da entrevista de José Sales, arquiteto, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), 31 anos de jornada nas lides de Arquitetura e Urbanismo, em diversos lugares do País, d´além mar também, e no Cariri. Graduado na Universidade de São Paulo (USP), é cidadão desta cidade desde 1983, com passagem por alguns dos projetos mais significativos de Fortaleza. Entre eles, estão o Instituto Dr. José Frota (IJF), reforma do Estádio Castelão, sede da Escola de Saúde Pública, concepção urbana do Metrofor, além de planos urbanísticos diversos.

"O grande problema de Fortaleza quanto à projeção do seu futuro, é a ausência de um Sistema de Planejamento e Gestão Urbana. O IPLAM/Instituto de Planejamento do Município, órgão encarregado de acompanhar as transformações do contexto urbano de nossa cidade, foi extinto há mais de dez anos e nada foi colocado em seu lugar. A visão de futuro de Fortaleza hoje não existe. O que vai ser da área Central da cidade? Qual a solução para nossa incrível orla marítima de quase 34 quilômetros de extensão? Onde está o Parque do Cocó? O que é meio-ambiente no contexto urbano? Quais as soluções para a mobilidade, acessibilidade e transportes, em pauta de efetiva realização? São perguntas que ninguém consegue responder e os gestores teimam em ignorar. Reinam as soluções virtuais que serão implantadas logo mais, ´nos próximos seis meses´. Seguramente, Fortaleza é a única grande cidade brasileira que não possui Sistema de Planejamento e Gestão Urbana."¹

Como não existe uma definição do que é espaço público, no contexto contemporâneo, nem um programa de ampliação dos mesmos e das áreas verdes, o que é remanescente dos espaços públicos hoje existentes, como as praças centrais e calçadão da Beira-Mar, passa a ser patrimônio de quem ocupa primeiro. Como não existem diretrizes, tudo funciona de forma improvisada. Por exemplo: desde 1939 que se discute, nesta cidade, o destino do entorno do Poço da Draga, antigo porto de Fortaleza. Um grupo de arquitetos se reuniu e, recentemente, compôs uma solução: um grande equipamento urbano que agregará mais valor à luta solitária do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, projeto do Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon. Mas a solução em pauta é primária: vamos restaurar o Café Atlântico! Será que só a restauração do Café Atlântico vai requalificar toda a Praia de Iracema, se por outro lado, a própria Prefeitura permite, autoriza e licencia qualquer atividade naquele contexto, inclusive a destruição do que resta de patrimônio referencial construído? ²

O que Fortaleza tem de melhor é o seu povo e o verdadeiro espírito do Ceará Moleque. Além do que resta de potencial a requalificar, recompor, restaurar, reavivar, expresso pela área central da cidade e toda a orla marítima, com especial ênfase a orla marítima central, a Praia de Iracema e a região do cais do Porto, além de toda a Costa Oeste. Também temos o contexto ambiental que a maioria de nós desconhece, contido nas quatro grandes bacias hídricas de nossa cidade: Maranguapinho/Ceará, Cocó, Pacoti e Vertente Marítima. De pior todo mundo sabe: uma visão ainda matuta do que vem a ser urbanismo, que é totalmente diferente de improvisação.³

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