As praças da Capital voltam a ser alvo de ambulantes. Dessa vez, o foco é a Praça José de Alencar, que há cerca de 45 dias voltou a ser ocupada de forma desordenada por vendedores autônomos. Contudo, este não é um caso isolado, já que outros logradouros do Centro, como a Lagoinha e Praça dos Leões, passam pelo mesmo problema.
No caso da José de Alencar, por enquanto, o comércio atinge a praça e os arredores do Theatro José de Alencar, mas com a proximidade das festividades de fim de ano, quando aumenta a demanda, a preocupação da administração do TJA é que a feira volte a tomar proporções maiores, como havia anteriormente, inclusive com a ocupação das calçadas do instrumento cultural.
"Ainda não subiram a calçada, mas se a Prefeitura não tomar medidas urgentes e incisivas, a situação irá se agravar", alertou a diretora administrativa do equipamento, Silêda Franklin. Ela afirma que até o momento, nenhuma providência foi tomada pela Prefeitura.
Silêda denuncia que a feira interfere diretamente no funcionamento do Theatro, inclusive nas apresentações, pois os sons são tão altos que, por várias vezes, já tiveram que pedir para diminuírem o volume. Além disso, a diretora reforça que de acordo com o Decreto Lei 25, de 30 de novembro de 1937, é proibida a ocupação dos arredores. "Todos os monumentos tombados têm que ter o seu entorno livre para a circulação da população e para a preservação do bem", esclarece.
O guia cultural Fábio Lessa, de 21 anos, não concorda com a presença dos vendedores autônomos. Para ele, o acesso ao TJA fica prejudicado, porque os ambulantes são muito desordenados. Além disso, diz que tem a questão da poluição sonora. "É horrível, são vários sons ao mesmo tempo", contou. Já o artista e produtor de teatro e música Rodrigo Oliveira, vê o fato como uma ação descoordenada. Ele reclama que não existe, na gestão municipal, uma política pública de ocupação do Centro coordenada e eficiente.
O artista enfatiza que trata-se de um bem imaterial e quando as pessoas o encobrem, impedem a sociedade de vivenciar essa arquitetura patrimonial. Por outro lado, diz que é legítimo a busca pela sobrevivência, uma vez que o País não oferece condições adequadas para trabalhar. Como solução, sugere a transferência dos vendedores para um prédio abandonado.
Tatuagens de henna, óculos escuro, ervas naturais, brincos e colares artesanais, roupas e sandálias, são apenas alguns dos utensílios comercializados ao lado do Theatro José de Alencar, pela Rua General Sampaio. O vendedor autônomo Francisco Bezerra da Silva, de 50 anos, disse que há dez anos trabalha no local, mas aos sábados, contou, o calçadão é tomado pelos ambulantes. "Eles invadem mesmo, colocam roupas, todo tipo de coisa. Como trabalho ao lado, não atrapalho, mas no chão, em frente ao Theatro, acho sacanagem", reclamou.
A Feira José de Alencar começa, todos os dias, às 10 horas e se estende até as 20h.A vendedora autônoma Alice Montenegro Castelo, de 32 anos, disse que há um ano vende roupas na praça. Ela admite que o comércio prejudica o TJA, mas diz que não lhe resta outra opção. "Atrapalhar, atrapalha, mas a gente não tem um local para ir, se a Prefeitura desse um lugar para a gente trabalhar, com certeza o Theatro ficaria livre. Faz é tempo que estamos nesse peleja".
Fonte: Cidades/ Diário do Nordeste
sábado, 11 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário