Doze horas ininterruptas de programação do Manifesta!, um evento organizado para comemorar os 30 anos da Massafeira Livre, movimentaram o Theatro José de Alencar, em Fortaleza. da noite do último sábado até a manhã de ontem.
Fotografia, pintura, desenho, intervenções relâmpago, dança, teatro e música. Muita música. Na melhor tradução do “tudo ao mesmo tempo agora”, o centenário Theatro José de Alencar reacendeu com sucesso o clima de efervescência que levou a juventude do final dos anos 1970 a usufruir do Massafeira Livre, movimento encabeçado por Ednardo, o “guru” Augusto Pontes e companhia entre os dias 15 e 18 de março de 1979. Ocupando absolutamente todas as dependências do local – palco principal, jardim, pátio nobre, Morro do Ouro, Sala Nadir Papi Sabóia, Praça Mestre Pedro Boca Rica, etc. – mais de 300 artistas da nova geração abraçaram o TJA para celebrar o Manifesta!, tendo como pontapé as 18 horas do último sábado (18).
Numa maratona de apresentações e experimentos 100% gratuita, a batida forte do samba misturou-se à melodia da bandinha cabaçal, não deixando de lado o rock autoral, a poesia carregada de malícia e escárnio, a alegria desmedida do trio de palhaços, o tun-tsi-tun da música eletrônica. No jardim, a fotografia no telão recebeu a assinatura de Gentil Barreira. Mais lá no cantinho, a feirinha alternativa trazia ao alcance do público roupas estilosas, mini esculturas de orixás, ímãs de geladeira, relógios estampados com celebridades. A plateia – que, com o passar das horas, tornava-se cada vez maior – contemplava de um tudo: dos roqueiros de cabelos longos aos amantes do reggae com suas calças coloridas.
No palco principal, o ponto alto do Manifesta! deu-se com o show que reuniu alguns dos representantes da Massafeira Livre de 1979. Antes, porém, um documentário produzido por Ednardo e sua filha, Júlia Limaverde, trouxe à tona o registro de imagens inéditas captadas ao vivo durante os quatro dias do evento, além do depoimento de alguns participantes. Com Ricardo Guilherme nas vezes de mestre de cerimônia, os primeiros a se apresentarem foram os irmãos Régis e Rogério, seguidos por Calé Alencar e o parceiro de loas Pingo de Fortaleza. Todos acompanhados pelos músicos Adelson Viana (acordeon e piano), Carlinhos Patriolino (guitarra), Nélio Costa (baixo) e Ricardo Pontes (bateria).
Com performance e vigor impagáveis, Lúcio Ricardo – na época, roqueiro da banda Perfume Azul – arrancou aplausos e gritinhos entusiasmados da plateia; Chico Pio deu passagem para Carol Oliveira, que assumiu o microfone também para apresentar o próprio Ednardo e, posteriormente, a vez de Rodger Rogério. Ao final, mais uma lembrança – e um abraço emocionado – ao amigo Augusto Pontes e, para mais um deleite, todos juntos cantaram a clássica Enquanto Engomo a Calça, aquela dos versos “porque cantar parece com não morrer...”. O encerramento dessa verdadeira maratona cultural de “som, imagem, movimento e gente” só aconteceu – acreditem! - na manhã de ontem. O público certamente só teve a agradecer.
Fonte: O POVO Online
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
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