Nada na localidade parece ser propício para a vivência humana. A comunidade que recebe por referência de endereço o bairro Vila Velha IV, localizada no mangue às margens do Rio Ceará, vem sofrendo com o abandono do poder público.
Falta moradia digna, água encanada, iluminação pública, recolhimento de lixo e segurança. Entulhos são verificados por todos os lados. Lixo e esgoto a céu aberto, misturado às águas do mangue, formam grandes poças de lama que são vistas ao longo de vários trechos das ruas sem calçamento. Situação que piora com as chuvas e a elevação do nível do rio, transformando quintais, por exemplo, em pequenos lagos poluídos, onde brincam as crianças, em busca de peixes e siris.
O forte mau cheiro proveniente desses espaços parecem já fazer parte do ambiente naquela parte do bairro, onde a dona de casa Aura Pereira do Nascimento, 56, mora há mais de dez anos. “Nem sinto mais (o cheiro forte)”, conforma-se.
Além da dona Aura, cerca de 400 famílias, estimativa dos próprios moradores, vivem em situação precária. Ninguém sabe ao certo como ou quando começou a ocupação do espaço. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Executiva Regional (SER) I, a Prefeitura não tem conhecimento da existência dessa comunidade específica, às margens do rio Ceará, do bairro Vila Velha IV.
Os moradores por si mesmos organizam-se para resolver como dá os inúmeros problemas do local. “A gente não tem água encanada. Já pedimos para vir para cá, mas não vem nada. Então, a gente se reúne, compra uns canos, todo mundo coopera e puxa, por nossa conta, a água que vem da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), lá da rua de cima para cá”, conta a costureira e líder comunitária Liduína Costa Campos, 46, apoiada por outra liderança da comunidade, José Coelho da Silva, 59. Liduina sabe da irregularidade cometida e não consegue enxergar outra alternativa à gambiarra. “Se não for assim, todo mundo morre. A gente precisa beber, cozinhar, tomar banho”, defende.
Fonte: Reportagem de Sara Rebeca Aguiar/ O POVO Online
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