sexta-feira, 1 de abril de 2011

É preciso mais espaço para pedestres e ciclistas

O pesquisador norte-americano Robert Cervero acredita que cidades saudáveis só serão construídas com o incentivo ao uso de meios de transportes ativos, como a caminhada e o andar de bicicleta. Imagine uma cidade com espaços onde o pedestre possa caminhar, sem medo de ser atropelado. Um lugar onde as pessoas deixem os carros em casa e utilizem transporte público. Um local onde o pedestre e a bicicleta sejam prioridade, na hora de pensar o planejamento urbano.

De acordo com o pesquisador Robert Cervero, PhD em Arquitetura e Planejamento Urbano pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, esse modelo, chamado por ele de “cidade saudável” existe e pode ser adaptado para outros lugares.


Ontem, no último dia do Fórum de Ideias Inovadoras em Políticas Pública, realizado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Ceará (Inesp) da Assembleia Legislativa, o pesquisador apresentou opções de mobilidade urbana, já vivenciadas em outros lugares do mundo. Um exemplo é Bogotá, capital da Colômbia, na América do Sul. Pedestres, carros e ônibus, segundo registros fotográficos apresentados por Cervero, têm espaços próprios na cidade.


A solução, segundo o pesquisador, foi planejar a cidade para que as pessoas possam andar mais a pé ou de bicicleta. “As calçadas eram tomadas por carros estacionados, que foram tirados”, exemplifica. Além disso, medidas foram colocadas em prática para evitar o uso do carro, como a restrição de automóvel em alguns horários e espaços. Em Hong Kong, na China, Cervero ilustra outro bom exemplo. No entorno das estações de metrô, parte dos terrenos não são vendidos pelo governo à iniciativa privada. Isso evita a construção de prédios, deixando o espaço livre.


“Foi dada muita atenção ao ambiente de se caminhar. Eles têm a noção de que estão planejando os espaços para pessoas e não para veículos”. Além de priorizar o pedestre e o ciclista, é preciso articular a distribuição da população e dos serviços pela cidade. Como exemplo de “densidade articulada”, o pesquisador citou Curitiba, capital do Paraná. Lá, segundo ele, a população está distribuída em vários pontos diferentes, com acesso fácil ao transporte público.


Descentralização


O outro eixo para construção da “cidade saudável” é desconcentrar os serviços, criando os “centros de multifunções”. Ele explica que, enquanto Curitiba tem diferentes bairros que unem residências, escritórios, restaurantes e escolas, Brasília prefere setorizar os serviços. “É baseada no uso do automóvel. Tem o setor dos varejistas, outro para os escritórios. Você tem que percorrer distâncias longas”.


Com a criação de bairros, onde é possível ter todos os serviços próximos à residência, conforme Cervero, as distâncias se encurtam e as pessoas vão procurar menos o automóvel. Além disso, há outras alternativas como o transporte urbano de qualidade. “Nessas cidades bem planejadas, as pessoas têm carro. Mas não usam para qualquer percurso. Tem alternativas”.


ENTENDA A NOTÍCIA


O Fórum de Ideias Inovadoras em Políticas Públicas foi realizado nos dois primeiros dias da semana na Assembleia Legislativa. Com o tema “Vida, Mobilidade e Felicidade Urbana”, os palestrantes trataram sobre trânsito, transportes, mobilidade urbana e qualidade de vida.


Fonte: O POVO Online

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