Lamentavelmente, foram-se as chances do Centro de Feiras do Ceará ser localizado na área central de Fortaleza e seu entorno. O Governo do Ceará decidiu dividi-lo em partes e situá-lo em áreas onde o metro quadrado é o mais caro da Capital. Decidiu na contramão do que ocorre em todas as cidades importantes do mundo. O bom senso e o moderno urbanismo aconselham a busca de áreas degradadas para instalar equipamentos públicos. Quais os critérios do Governo para agir assim? Que condicionantes técnicas foram levadas em consideração? Que estudos foram feitos? E por quem? Até hoje, só há um estudo técnico conhecido e que passou pelo crivo de uma série de debates na cidade. Muito bem sustentado tecnicamente, ele apontava que o Centro de Feiras deveria se localizar entre o Centro histórico de Fortaleza e o litoral (Praia de Iracema- Arraial Moura Brasil), pegando uma área remanescente do metrô. Trata-se de uma região degradada, ávida por um empreendimento público de grande porte. O Centro de Feiras vai para um local híper valorizado comercialmente. Um local que já merece toda a atenção da iniciativa privada e longe das áreas de hospedagem. Dificilmente haverá outra chance como essa de promover uma grande operação capaz de recuperar o Centro de Fortaleza.
UM EMPREENDIMENTO DIVIDIDO EM TRÊS
Custo inicial para desapropriar a área definida para receber uma parte do Centro de Feiras na avenida Washington Soares: entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões. São 16 hectares de terreno. Uma parte pertence a herdeiros de Patriolino Ribeiro. Outra parte (menor) pertence ao grupo Edson Queiroz. Para que se torne viável, o Governo terá que investir também em vias de acesso. Hoje, a área é um problema gravíssimo no trânsito de Fortaleza. O terreno escolhido possui cerca de 300 metros de frente para a avenida. Englobará ainda, além da academia Edgar Facó, que já é do Estado, uma área que pertence a uma congregação católica e um pequeno restaurante. Servirá para a construção de um grande galpão refrigerado para a realização de feiras. O complexo leva em conta o atual Centro de Convenções (CC), que será ampliado para receber apenas os eventos. Um túnel ligará o Galpão ao CC. No total, um investimento entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões. Sem se levar em conta as necessárias melhorias de acesso e infra-estrutura para viabilizar o empreendimento. Não é tudo. O Governo do Ceará planeja construir outro grande auditório para eventos na Praia Mansa, que pertence à Companhia Docas do Ceará. Este tem um custo bem maior. Entre R$ 150 milhões e 200 milhões.
MINISTRA JÁ CONHECE O PROJETO. QUE PROJETO?
Há um problema no comportamento do Governo do Ceará. A cidade foi tomada de surpresa com a decisão do Centro de Feiras. Uma decisão autocrática. Sem fóruns de discussão. Se há estudos de viabilidade, eles são desconhecidos. Se há, que sejam apresentados para o debate público. Na reportagem do O POVO de ontem que expôs a novidade ao público, assinada por Erick Guimarães e Henriette de Salvi, está dito que o projeto já foi apresentado ao Ministério do Turismo para possível financiamento. Que projeto? Cid Gomes não é prefeito de Fortaleza, é verdade. Não é um dever seu oferecer soluções para a Capital. Resolver o problema do Centro de Fortaleza, que vem piorando de forma acelerada, é uma responsabilidade da prefeita Luizianne Lins. Mas o Governo deveria levar em conta uma necessidade tão premente como a que envolve o nosso Centro e seu entorno. Trata-se de uma área histórica, com um conjunto arquitetônico único, repleta de referências da cidade, que está em franco processo de esvaziamento e degradação.
SÓ FALTA A CATEDRAL NA WASHINGTON SOARES
Levar o Centro de Feiras e Eventos para a avenida Washington Soares será o grandioso ato final de uma série de erros urbanos que vem sendo cometido na cidade desde que se decidiu levar o Centro de Convenções para aquela mesma área. Desde então, foram parar naquelas proximidades o Centro Administrativo do Ceará, a sede do Tribunal de Justiça, o Fórum, a Câmara de Fortaleza. Idem a sede do Governo. Isso, sem levar em conta os grandes negócios privados. Só falta a Prefeitura abandonar de vez a idéia de retornar ao velho e histórico Paço e se alojar ali. Que tal o Vaticano levar a nova Catedral para lá? É incrível, mas são todas as instituições públicas do Ceará as responsáveis por tal feito. Não custa repetir: tais decisões foram tomadas na contramão do que está sendo feito mundo afora. Está aí o exemplo de São Paulo que está transformando a antiga cracolândia num novo bairro (Nova Luz) com residências e imóveis comerciais.
Reprodução de artigo do Jornalista Fábio Campos, na Coluna POLÍTICA, do Jornal O POVO.
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