A ocupação dos espaços públicos da cidade, como Centro e Beira-Mar, pelo comércio ambulante irregular, não é novidade. Com a desculpa do desemprego, da luta pela sobrevivência, da necessidade de trabalho, eles foram chegando, se avolumando, tomando as ruas, calçadas, praças e vendem de tudo, sem nota, sem garantia, produtos piratas, de qualidade duvidosa, confecção de fundo de quintal, comida sem crivo da vigilância sanitária.
Com a facilidade de simplesmente armar uma barraca, jogar um saco plástico no chão ou andar cheio das mercadorias, sob o olhar displicente de quem passa, com a conivência do consumidor que prefere comprar “mais barato” sem se importar com as conseqüências para a economia da própria cidade e o “empurra com a barriga” dos gestores municipais, eles foram “gostando”, encontrando facilidade e ficando.
Agora, é impossível “fingir” que eles não existem. Ficou quase imsuportável andar pelo Centro, pela Beira-Mar. É preciso ser atleta para driblar as barreiras. Falta espaço para tantos, numa concorrência predatória. De acordo com a última pesquisa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), em 2006, eles somavam dez mil. Hoje, passam dos 20 mil. Parece uma progressão geomátrica. “Um problemão a ser resolvido”, afirmam especialistas em urbanismo, arquitetura, patrimônio histórico, historiadores, economistas, gestores públicos e a própria população que confessa, apesar da quase cumplicidade na manutenção desse comércio, que não aguenta mais e quer a cidade de volta.
Num ponto, a maioria concorda: o Centro de Fortaleza é uma excrescência do ponto de vista urbanístico, de tráfego, de asseio e conservação, de conforto. Enfim, é o espaço da não-cidadania, quando deveria ser o espaço da cidadania por excelência. E é preciso fazer alguma coisa urgente.Projetos para a recuperação do Centro histórico existem, seja no incentivo à habitação, a reforma do Paço Municipal, a Rua das Praças. Para tudo isso dar certo, avaliam os estudiosos, é necessário, antes de mais nada, transferir os ambulantes para locais determinados, com boa infra-estrutura e aumentar a fiscalização para evitar que novos camelôs sem cadastro ocupem os mesmo espaços.
Reportagem de Leda Gonçalves e foto de José Leomar. Jornal Diário do Nordeste, de 09 de fevereiro de 2009. Reprodução unicamente para divulgação. Direitos autorais preservados.
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