Na madrugada da última quarta-feira, chegou ao fim a ocupação de um terreno público no Passaré. Aguardem a próxima invasão. A reportagem do O POVO, assinada pelo jornalista Diego Lage, expõe um conjunto de informações que mostram as entranhas dessas ocupações. Vejam esse ponto: “Segundo a Secretaria Executiva Regional VI, havia cerca de 250 moradias. Durante a remoção, porém, somente três estavam habitados... Quase todos os barracos estavam desocupados. Somente oito pessoas, de três famílias, dormiam no local”. Percebem? Se 247 dos 250 “lotes” estavam desocupados é por que os invasores da área pública não são sem-tetos. A confirmação vem logo a seguir: “A Prefeitura aponta que as famílias, em sua maioria, estavam praticando especulação imobiliária e são provenientes de comunidades próximas”.
Segundo a reportagem do O POVO, a ação começou às 4 horas da madrugada de quarta-feira. Foram destacados 150 policiais militares e 250 guardas municipais para garantir a desocupação. As vias de acesso à área foram bloqueadas por 30 agentes da AMC. O trabalho de demolição ficou a cargo de 30 agentes do Município, além do maquinário de tratores. Outros 20 agentes da Defesa Civil estavam lá. Enfim, uma grande operação paga pelo contribuinte para desocupar uma área invadida por quem não está ao relento. Quanto custou mesmo? Além do custo financeiro e operacional, há também o custo ambiental. A área em questão é de proteção ambiental. Uma área verde. O loteamento ilegal causou prejuízo também com a derrubada de muitas árvores. A Prefeitura vai gastar mais um bocado com o replantio.
Ouvida pelo O POVO a autônoma Emília Alves, 32, disse que ocupou “seu lote” há duas semanas, mas contou que mora, com três filhos, no conjunto Cidade Nova pagando aluguel de R$ 100,00. Portanto, uma família com-teto. Aluguel é uma forma legítima e usual, para todas as classes sociais, de residir. O mais grave dessa história é que, segundo as autoridades municipais, nenhuma das famílias invasoras possuía cadastro na Habitafor, a instituição responsável pela moradia popular. Ou seja, a invasão, além de ilegal, é antidemocrática. A idéia é não pegar fila. A idéia é atropelar as famílias que cumprem o rito correto. É jogo de espertos.
As invasões de áreas públicas são negócios comandados por espertalhões. Uma série de reportagens publicadas pelo O POVO no ano passado fez uma ampla e detalhada radiografia desses movimentos. Lá estão todas as explicações sobre como o negócio funciona. O fato é que as autoridades públicas, as forças de segurança e o Ministério Público já sabem que a coisa funciona dessa forma. Então, por que a invasão acontece e ninguém é responsabilizado? Não há notícia de um processo ou de uma prisão em flagrante. Algo do tipo seria fundamental para desestimular a ação desses negociantes. Sem isso, aguardem a próxima invasão. Em tempo: ao O POVO, o titular da SER VI, João Menescal, declarou que o Município “deve” fazer um levantamento sobre os líderes. Tal levantamento seria então encaminhado ao Ministério Público.
Da Coluna POLITICA do Jornal O POVO, do jornalista Fábio Campos. Reproduzida unicamente para divulgação. Direitos autorias preservados.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
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