Tem poeira no Beco
A Prefeitura tem nas mãos um senhor problema em se tratando de Beco da Poeira, o principal ponto de comércio popular do Centro. Já em termos de soluções, há diversas propostas, dos mais diferentes formatos, tamanhos, preços e cores. Primeiro o problema: remover do local cerca de 2 mil permissionários do Beco, que precisa ser demolido para dar lugar a uma estação de passageiros do futuro Metrofor, o estadual metrô se superfície de Fortaleza. Sem a remoção, as obras não podem avançar e o cronograma vai ficando ainda mais apertado. Para retirar os permissionários - uma turma em parte formada por gente que paga muito pouco, mas fatura muito bem - é preciso, no mínimo, oferecer uma alternativa para localização. Um novo mercado começou a ser erguido num terreno próximo, mas houve controvérsias na gestão dos recursos entre os permissionários, incluindo um racha na entidade que os representa, o que até gerou uma nova associação. Do novo mercado só há um esqueleto incompleto.
Pelo menos duas das propostas têm o mesmo endereço, a avenida do Imperador, no edifício que outrora fora uma indústria têxtil, bem perto do Beco da Poeira. O local, de quase uma quadra inteira, tem capacidade para abrigar um shopping popular de pelo menos três pisos e mais estacionamento no subsolo. O térreo poderia ter cerca de 2 mil boxes - quantidade similar ao Beco. Em dois mezaninos abrigaria lojas e serviços, como agências bancárias e restaurantes. Tudo interligado por elevador e escada rolante. Feito em pré-moldado, ficaria pronto em 180 dias. A idéia acima já é um projeto e está há alguns dias sobre alguma mesa ou n'alguma gaveta da Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) à espera de aprovação. O maior interessado no aval da Prefeitura é o dono da área, José Pompeu de Sousa Brasil Jr. Ele seria o principal empreendedor do shopping.
Uma outra hipótese, conforme apurou a Coluna nos corredores da Secretaria Regional do Centro e Semam, envolve uma desapropriação e um declarado ato de desprendimento. Pela proposta, que vem ganhando força, o Município faria a desapropriação da ex-indústria - num valor que não seria menor do que os R$ 12 milhões alegados pelo dono- e teria a área disponível para implantar um novo mercado no local. Uma construtora local até teria apresentado a proposta de erguer sem nenhum custo, ganhando em troca o direito de explorar as áreas afora os boxes. Ao contrário do primeiro projeto, no qual os boxes seriam vendidos, os comerciantes continuariam como permissionários. Nesse caso, o dono do terreno seria bem pago e desistiria de empreender, mas ficaria empoeirado o ar de outras construtoras interessadas.
Um novo centro de comércio no Centro é sempre bem-vindo. Significa mas energia na economia da região central da cidade. Todavia, de concreto tem-se que em ambas as opções a solução para o Beco da Poeira não estaria garantida. O que asseguraria que os atuais permissionários iriam mesmo deixar o Beco? O surgimento de um novo pólo comercial na área e com perfil também popular deveria atrair os comerciantes, mas estes poderiam apenas para abrir filiais. Caso um só permissionário insista em ficar, o problema persistiria e nada seria resolvido. Será preciso, portanto, agir com rigor, mas também com o máximo de clareza possível.
Matéria publicada pela Coluna VERTICAL S/A, do jornalista Jocélio Leal, no Jornal O POVO, em 18/ Agosto/ 2008.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
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