Na avaliação da professora de Projeto Urbanístico e Planejamento Urbano da Universidade de Fortaleza (Unifor), Andrea Agda, a pesquisa do IBGE comprova o fenômeno da favelização chegando aos municípios do Interior que, de acordo com ela, é recente, tendo iniciado cinco ou, no máximo, dez anos atrás. Conforme a especialista, o processo é conseqüência da desigualdade do modelo de desenvolvimento capitalista. “Está havendo um progresso, mas com concentração de riqueza na mão de poucos”, analisa.
Segundo ela, a urbanização está sendo levada para o campo, mas por um “caminho preocupante”. Agda lembra que a favelização nos municípios interioranos é uma contradição muito grande. “Na cidade, o bem que mais onera é o valor da terra mas, no Interior, o que mais tem é terra. E terra livre”, observa Agda.
Uma das explicações para esse fenômeno, de acordo com a professora, é de estar havendo uma espécie de êxodo interno no Interior, com as populações das zonas rurais dos municípios se deslocando para as partes urbanas, ou seja, as sede. Como não têm recursos para comprar uma moradia digna, acabam morando em espaços impróprios. A falta de legislação, como os planos diretor e municipal, é o que mais contribui para esse crescimento desordenado dos municípios, na opinião de Andrea Agda, pois “o mercado em si não vai resolver o problema da habitação”.
A professora ressalta que a criação de um plano diretor não é a solução para tudo, mas ajuda à medida que identifica áreas de vazio urbano e de preservação permanente, entre outras.Para a especialista, o problema não vai ser resolvido de uma hora para outra, mas o caminho passa pelo planejamento urbano, a reforma agrária e o incentivo à produção, de forma a fixar o homem no campo.
Reportagem do Caderno Regional do Diário do Nordeste. Reprodução para divulgação. Fotografia de Melquíades Jr. Direitos autorais preservados.
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