Pela primeira vez, o Brasil estabeleceu metas para redução da emissão de poluentes. Durante o anúncio do Plano sobre Mudança do Clima, a grande preocupação foi evitar que se repitam tragédias como a de Santa Catarina. Mas a proposta já recebe críticas.
Ainda em meio à comoção nacional com a tragédia provocada pelas chuvas em Santa Catarina, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem o Plano Nacional sobre Mudança do Clima. O documento fixa, pela primeira vez, metas definidas pelo próprio governo brasileiro para redução da emissão de dióxido de carbono no País. O objetivo é reduzir em 72% o índice de desmatamento na Amazônia até 2017.
No Brasil, a derrubada de florestas e as queimadas são responsáveis por 75% da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. Para o período entre 2006 e 2009, o plano prevê redução de 40% do desmatamento. Entre 2010 e 2013, é prevista redução de 30% em comparação com os quatro anos anteriores. De 2014 a 2017, o plano aponta uma nova redução de 30% do desmatamento, novamente na comparação com os quatro anos anteriores. “Com isso, a meta é que, em 2017, o desmatamento seja de cerca de cinco mil quilômetros quadrados, uma redução de 72%.
É uma meta mais ousada do que a da Inglaterra, que prevê redução de 80%, mas até 2050”, comparou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Essa diminuição deverá evitar a emissão de 4,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
Além do combate ao desflorestamento, outra estratégia para reduzir a emissão de carbono é a ampliação do uso de etanol e biocombustíveis. A expansão do etanol, segundo o plano, poderá evitar, no prazo de dez anos, a emissão de 508 milhões de toneladas de carbono a menos. É prevista a ampliação de 11% desse combustível na matriz brasileira.
O aumento do número de árvores plantadas é outra meta importante do plano. “Queremos passar de 5,5 milhões de hectares para 11 milhões de hectares em 2017, sendo 2 milhões de nativas”, informou Minc. O plano está sendo discutido desde o fim de 2007 e reuniu 17 ministérios.
O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reconheceu que a definição de metas enfrentava resistência no primeiro escalão do Executivo. E que o plano só foi possível “porque mudou a relação política dentro do governo para isso”. Durante o anúncio, a principal preocupação demonstrada era que se repitam novas tragédias como a causada pelas chuvas em Santa Catarina.
O Presidente Lula sugeriu a formação de grupos de estudo sobre o assunto. “É preciso reunir um grupo dos mais importantes especialistas brasileiros para estudar o que está acontecendo em Santa Catarina. Nunca tivemos conhecimento de uma catástrofe como esta que está acontecendo”, disse Lula. “O plano prevê ações de mitigação e de adaptação que poderiam, se tomadas previamente, não evitar, mas minimizar consideravelmente as conseqüências de tragédias como a que se abateu sobre Santa Catarina”, acrescentou Minc.
O plano foi criticado por membros do comitê de mudança do clima. “Nós estamos longe de ter um plano que atenda à dimensão do problema que enfrentamos”, afirmou Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, em discurso assistido por Lula e Minc. Smeraldi foi escolhido para falar em nome das entidades que integram o comitê. Smeraldi avaliou que o governo, ao tolerar um desmatamento de 70 mil quilômetros quadrados de 2009 a 2017. O próprio ministro do Meio Ambiente admitiu que poderia ter havido avanço maior. “Temos metas. Elas são tímidas ainda, mas podemos melhorá-las”, disse Minc. Informações da Agência Brasil/ Folhapress e Jornal O Povo.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
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