domingo, 26 de abril de 2009

Fernanda Rocha ³


Quais caminhos o poder público poderia tomar para melhorar a cidade?


Essa é difícil... Eu fico imaginando se eu fosse prefeita ou governadora, por onde eu iria começar... Se eu quiser minha casa organizada, por onde eu começo? Pelo básico, pela infra-estrutura. Preciso ter água, energia. Em primeiro lugar deve-se definir o que são as prioridades para o planejamento de uma cidade que ofereça qualidade de vida aos seus cidadãos e uma visão de que só através do atendimento a este planejamento se conseguirá atender às metas inicialmente perseguidas. Tem questões mais urgentes e essas são de infra-estrutura básica. Sabemos que politicamente que não é o que aparece de imediato. Se os nossos gestores tivessem uma visão a longo prazo e colocassem para o público, saberíamos que os transtornos serviriam para a construção de algo. Até porque já estamos cansados de intervenções pontuais. A população já consegue perceber, pelo menos uma parte dela, que isso é muito pouco dentro do grande oceano de necessidades que temos; questiona que a praça é construída, mas, que falta um programa para manter.


Na perspectiva do turismo, onde estão os pontos fortes e os pontos fracos?


A cidade possui inúmeros atrativos e grandes potencialidades mas falha na gestão, com espaços públicos mal cuidados e degradados, sinalização inadequada ou inexistente, acessibilidade nula ou dificultada, apenas para citar alguns pontos mais gritantes. Eu precisei caminhar algumas quadras na Beia-Mar e fiquei imaginando que eu não viria, como turista, para essa cidade que não me dá opção de andar numa calçada segura. Lá tem desníveis de calçada que chegam a 35 centímetros, calçadas que derrapam, lixo. É o nosso cartão-postal e está nessa situação. Imagine outras áreas, que estão no Plano Diretor como prioritárias de investimento, mas que ainda não estão consolidadas. O nosso ponto forte são as praias, belíssimas; o céu, com um azul maravilhoso. Mas as condições de construção estão precisando reforçar o que a natureza nos dá.


O que poderia ser feito para ocupar áreas ociosas e evitar o avanço da cidade sobre áreas que precisam ser preservadas?


A educação da população, em primeiro lugar, e o atendimento à sua necessidade de moradia. Além disso é preciso compreender a cidade como um artefato humano e, sendo assim, não se pode pensá-la a partir de espaços intocados. Mas é preciso compreender a dinâmica dos lugares nos quais nos inserimos para poder atuar de forma sustentável, pois é através desta compreensão que poderemos chegar a soluções harmônicas. O que falta é política pública no sentido amplo.Tem havido troca significativa entre o meio acadêmico e a administração pública?Infelizmente o que vemos é o distanciamento entre o que se pensa na universidade e o que se efetiva na administração pública. É preciso estreitar laços para que as ações sejam inovadoras e agreguem valor, indo além do atendimento de urgências para influir de modo decisivo na essência urbana.

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