É extremamente preocupante a situação de Fortaleza quanto à drenagem das águas pluviais, alerta o urbanista Marcus Lima. Mesmo reconhecendo o empenho da Prefeitura em limpar rios e lagoas da cidade, considera ser necessário maior rigor para fazer a população cumprir as taxas de permeabilidade previstas na Lei de Uso e Ocupação. Também defende a implementação de campanha educativa contínua mostrando ao cidadão os prejuízos para a rede pluvial quando ele coloca lixo em espaços públicos.
Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) e diretor do Instituto dos Arquitetos do Brasil- Seção Ceará (IAB-CE), Marcus Lima aponta que no momento não há indicativos de que a Capital venha a apresentar condições de drenagem das águas de chuva, até porque os problemas que contribuem para as dificuldades de escoamento “são antigos”.
Segundo ele, o ideal seria que as águas de chuvas fossem parcialmente absorvidas pelo solo ou canalizadas através da drenagem urbana (meio-fio, sarjeta e bueiro). “Mas quando isso não acontece, temos os transtornos que vivemos hoje em Fortaleza”, disse, explicando que boa parte dos acúmulos decorre da impermeabilidade do solo, pelo uso excessivo de cimento nas edificações ou mesmo de asfalto nas ruas.Com isso, ao invés de serem absorvidas, as águas de chuvas vão para a rede de drenagem, que é subdimensionada. E como os bueiros muitas vezes estão obstruídos pelo detritos, na quadra invernosa repetem-se, ano a ano, os transtornos dos alagamentos e os entraves na fluidez do trânsito e dos pedestres. “Basta um índice pluviométrico um pouco acima da média para o quadro se repetir”, observou o arquiteto.
Atualmente, o solo de Fortaleza está encharcado, admite o chefe da Divisão dos Estudos Básicos e Sistema de Suporte do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Funceme, o geólogo Porfírio Sales Neto. Explica que o solo da região de Fortaleza é caracterizado por rochas sedimentares, e via de regra é poroso. Isso facilita o fluxo da água entre os grãos. Além disso, o lençol freático tende a ficar mais próximo da superfície pelo excesso de chuvas, acarretando alagamentos em algumas regiões mais baixas da cidade.Como o solo está saturado e a rede de drenagem de águas pluviais não atende a demanda, lagos e lagoas facilmente transbordam no período chuvoso. O elevado índice de impermeabilização do solo e de poucas áreas verdes fazem as águas escoarem de forma abundante e rápida na superfície, trazendo os transtornos dos alagamentos. Para ele, os entraves ao escoamento são agravados pela ocupação indevida em áreas ribeirinhas na Capital.
Reportagem de hoje do Diário do Nordeste. Vale a pensa conferir.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
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