A festa se torna uma grande brincadeira pela cidade. No Sábado de Aleluia, os caretas invadem Jardim, a 540 quilômetros de Fortaleza, e saem pelas ruas pedindo dinheiro para a malhação do Judas. As pessoas inovam nas fantasias, que são produzidas com muito cuidado. Vale tudo, menos mostrar o rosto.
A tradição já existe faz tempo, mas desde 2006 passou a ser coordenada pela Associação Cultural dos Caretas. O grupo dos caretas de Jardim é o mais tradicional da Região do Cariri, por causa da criatividade com que fazem a animação na Semana Santa. Para o coordenador da Associação, Luís Pereira Lemos, o principal desafio agora é conseguir apoio financeiro. Falta uma sede própria para que os participantes possam ter mais espaço para organizar o material e criar as oficinas.
“O apoio da Prefeitura está sendo fundamental, mas ainda não é suficiente”, diz o coordenador. Para o agricultor Vicente de Paula Ferreira, que participa há mais de 20 anos da festa dos caretas, é um prazer fazer parte do grupo dos caretas. Ele diz que, quando veste a fantasia, sente que representa a cidade e sua cultura. Tem orgulho da tradição que ajuda a continuar. No sábado da Semana Santa, o Sábado de Aleluia, também é dia da malhação do Judas. As pessoas escolhem um ponto social negativo que querem expurgar e aproveitam a simbologia da data para mandar aquela coisa ruim embora.
Na cidade do Crato, distante 504 quilômetros da Capital, foi feito um plebiscito do qual participaram cerca de nove mil pessoas. Vários problemas sociais foram colocados em votação. Mas o tema da vez foi a pedofilia. Um boneco que representa o assunto vai percorrer as ruas do Crato, a partir das 16 horas do sábado, e depois será queimado pela população. A concentração será na famosa Bodega do Joquinha, na Rua dos Cariris, no Centro da cidade. A malhação será realizada no Centro Cultural da Rffsa.
De acordo com Antônio Carlos Araújo, diretor da Sociedade Cariri das Artes, o ritual é uma manifestação popular muito antiga. “Já existia antes de Cristo. Os povos queimavam bonecos de palha para celebrar uma boa colheita”, explica Antônio Carlos. Como o ritual continuou a ser seguido, a Igreja se apropriou do princípio pagão e dá sequência à expressão cultural todos os anos.
Reportagem do Jornal O Povo, com colaboração do Jornalista Amaury Alencar.
sábado, 11 de abril de 2009
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