sexta-feira, 17 de abril de 2009

Vazios urbanos em Fortaleza


Segundo pesquisador da PUC-Campinas, Capital está cheia de áreas vazias porque existe processo de segregação socialDepois de um sobrevôo por Fortaleza: “O que chamou muito a atenção foi a quantidade de espaços livres particulares, como terrenos sem construção nenhuma, deixando uma urbanização superesparsa. Há muitos espaços vazios, sem aproveitamento”.


Foram essas as palavras do pesquisador Jonathas Magalhães, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), durante mais um Colóquio sobre a Paisagem, que termina hoje, na Universidade de Fortaleza (Unifor).


Sobre a Capital, o pesquisador da PUC destacou que essa realidade tem como conseqüência custos altíssimos para levar infra-estrutura a esses espaços. “É muito dinheiro para levar esgoto, água etc para um território enorme, mas todo espalhado”. Por outro lado, contrapôs, tal cenário permite um potencial de interferência do poder público para qualificar o sistema de espaços livres desse território. Numa cidade já completamente consolidada, exemplificou, seria bem mais difícil.


A percepção de Magalhães vai compor — somada a outras tantas de representantes da Unifor, do poder público, entre outros da sociedade civil organizada — a 15ª Oficina de Quadros da Paisagem, que também será concluída hoje. Para entender, a oficina está sendo desenvolvida durante a segunda edição dos Colóquios sobre a Paisagem. Ela é um dos muitos instrumentos que estão sendo usados para a pesquisa nacional. “Os sistemas de espaços livres e a constituição da esfera pública contemporânea no Brasil: um processo de investigação em rede nacional”.


A exemplo do que está acontecendo em Fortaleza, oficinas já foram e vão ser desenvolvidas em muitas outras regiões do País. Sorocaba, Curitiba, Belém e Rio de Janeiro são alguns dos exemplos de cidades que já sediaram a oficina.Os dados, as soluções apontadas, as discussões e outras observações vão compor um completo banco de informações sobre os espaços livres do Brasil. E a UNIFOR está ajudando nisso, realizando um colóquio específico sobre o assunto. Mas claro, dando enfoque à situação de Fortaleza.


Para Magalhães, a Capital está assim, cheia de vazios, porque existe, como em todo o País, um processo de segregação social. Isso, acrescentou, tem feito com que muitas pessoas passem a morar na periferia, que é, como o próprio conceito mostra, a região mais afastada do centro urbano. Em geral, carente em infra-estrutura e serviços urbanos, e que abriga os setores de baixa renda da população. Na avaliação do pesquisador, é muito mais difícil trabalhar espaços livres quando se tem desigualdades sociais como essa.


Sobre soluções para a situação que se apresenta, Magalhães disse não ter respostas prontas. “Por isso momentos como esse aqui na Unifor são importantes. Para que experiências sejam trocadas, soluções construídas e aí sim postas em prática. “Amanhã (hoje), o terceiro dia da oficina vai permitir isso, esse intercâmbio de informações com os mais diversos setores da sociedade organizada”. De acordo com a coordenadora do colóquio, a Professora/ Arquitera Fernanda Rocha, os pesquisadores fizeram visitas de campo a lagoas e praças da cidade e sobrevoaram as principais bacias hidrográficas da Capital, como a do Cocó.


Excelente matéria da jornalista Ludmila Wanbergna do jornal Diário do Nordeste. Fotografia de José Leomar. Direitos autorais preservados.

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