Os graves problemas de tráfego no sistema viário de Fortaleza estão sendo mostrados em reportagens do Diário do Nordeste, depois de percuciente pesquisa sobre a frota de veículos e as condições da malha urbana.A exposição desses conflitos de trânsito decorre de sua relevância para o transporte de massa e para a circulação dos veículos particulares.
A questão comporta análise sobre o emprego de técnicas de acompanhamento da evolução urbana e seus efeitos no deslocamento das pessoas.Infelizmente, o planejamento urbano não tem acompanhado o crescimento demográfico e o desenvolvimento econômico de Fortaleza. No passado, houve contribuições substanciais traduzidas nas diretrizes ordenadoras de sua expansão, para as quais concorreram Silva Paulet, Adolfo Herbster, Borges de Melo e Hélio Modesto, entre outros urbanistas. No presente, não há termos de comparação.
O primeiro problema é de ordem institucional: o Plano Diretor em vigor data de 1992, tendo sido previsto para disciplinar o espaço público por uma década. O atraso de sete anos na sua modernização é evidente e injustificável. A evolução urbana não espera que a burocracia oficial desperte do seu letargo. A expansão contínua decorre de investimentos públicos, mas, principalmente, privados; da valorização dos espaços disponíveis e abertura de corredores de negócios.
O segundo problema foca-se na alteração administrativa que extinguiu o IPLAM/ Instituto de Planejamento Municipal. Essa autarquia vinha planejando o crescimento da Capital e preservando a sua memória urbana. Como ocorre com os órgãos extintos, nada mais resta.Por último, havia um grupo de urbanistas, arquitetos, engenheiros e geógrafos, que se reunia no Fórum Adolfo Herbster, com a tarefa de pensar a cidade, seus entraves e possíveis soluções. O fórum também foi extinto.
No fim do ano passado, a Câmara Municipal de Fortaleza, depois de uma tramitação acidentada, aprovou o projeto do Plano Diretor da cidade. Para não negar sua natureza polêmica, durante alguns dias, não se sabia se o projeto fora sancionado ou vetado pela prefeita. Por isso, o Legislativo não pôde exercer a competência de promulgá-lo. Anuncia-se agora que o Plano Diretor foi sancionado no mês passado, mas não foi publicado; e adianta-se que amanhã será realizada uma solenidade no gabinete da prefeita para apresentação da lei. Os atrasos verificados foram determinados pelo estudo de vetos. Então, desde já, se sabe que a nova lei chega claudicante.
A frota em circulação, em Fortaleza, se aproxima dos 600 mil veículos. Durante 2008, a cada mês, o Detran licencia uma média de 5.300 veículos. Este ano, essa tendência prossegue. Em breve, os engarrafamentos serão generalizados em todas as horas.A cidade precisa ser repensada, não só para priorizar o transporte público, mas também para criar alternativas de estrutura urbana, como construção de viadutos e elevados, alargamento de ruas e abertura de avenidas. Do contrário, a cidade chega ao caos.
Editorial da edição de hoje do Diário do Nordeste, em 11 de março de 2009.
quarta-feira, 11 de março de 2009
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