A proposta é absolutamente descabida! Não resolve absolutamente o problema, sob nenhuma ótica, só o amplia! Primeiro, sacramenta a perda da praia, pois esta será fatalmente extinta: como não haverá controle da erosão, as areias ao pé do muro serão retiradas pelas ondas, que chegarão rapidamente ao próprio muro, o qual, sem sombra de dúvidas, em brevíssimo tempo seria também destruído. Assim, seria extinto o litoral, seria destruída a paisagem costeira e seria, literalmente, lançado dinheiro público no mar.
Esse processo degenerativo será ainda mais intenso e veloz se realmente se concretizarem (esperamos que não!) a instalação de estaleiro no Titanzinho, a regeneração das praias da Beira-Mar (que envolve construção de novos molhes, que são o mal inicial) e a continuação das obras de amplicação dos molhes da Leste-Oeste, já em curso, que também reterão areias em Fortaleza, ampliando a erosão em Caucaia.
Em adição, o muro produziria outra consequência nefasta: ampliaria a erosão nas praias da Tabuba, Cumbuco e em todo a faixa litorânea de São Gonçalo do Amarante! Aliás, se a prefeitura de São Gonçalo do Amarante estivesse atenta, imediatamente deveria se pronunciar contra esse projeto. Existem, sim, várias outras alternativas adequadas, como recomposição da faixa de praia e construção de quebra-mar, mas, a questão é, prioridade política, ausência de cultura ambiental e falta de visão territorial.
Na verdade, o que realmente faz-se urgente é a elaboração de um plano unificado de controle da erosão, envolvendo toda a faixa litorânea entre Fortaleza e São Gonçalo do Amarante. Mas, onde anda o IBAMA? O que nós estamos presenciando é um pipocar de projetos e propostas desconectadas, desarticuladas, a nível municipal, estadual e federal: os municípios, o estado e o governo federal simplesmente estão sucateando o litoral da Região Metropolitana de Fortaleza de acordo com interesses momentâneos e particulares, com intervenções inclusive contraditórias: enquanto alguns projetos indicam regeneração de praias, outros, situados a apenas centenas de metros de distância, implicam em ampliação da erosão, inclusive das áreas regeneradas.
Não é para isso, certamente, que os governantes são eleitos!
Declaração da Profª Drª Vanda Claudino Sales/ Geógrafa, do Centro de Ciencias da UFC
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
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