terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Brasília ganha novo bairro no setor Noroeste


Prevista no trabalho Brasília revisitada, apresentado por Lucio Costa em 1987, a construção do bairro Noroeste em Brasília deve ter suas obras iniciadas ainda em 2008. O projeto já obteve licença prévia do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e aguarda a licença de instalação para poder ter as obras iniciadas. "A área estava para ser construída há mais de dez anos, mas nunca foram feitos estudos ambientais e urbanos para viabilizá-la. Em 2007 fizemos isso, tudo dentro do padrão do que Lucio Costa propôs, com seis pavimentos e capacidade máxima de 40 mil habitantes", conta o secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal, Cassio Taniguchi.

O projeto original de Lucio Costa, no entanto, sofreu algumas alterações, sob a coordenação do arquiteto Paulo Zimbres, responsável pelo projeto de Águas Claras, também no DF. Isso, segundo o secretário, foi feito para atender novas demandas e corrigir problemas encontrados no bairro Sudoeste, também previsto na proposta Brasília revisitada, e construído desde a década de 1980.

Um dos pontos alterados é a construção de três entradas em vez de uma, o que, segundo o secretário, deve melhorar o fluxo de veículos. Além disso, estão previstas mudanças no formato das áreas comerciais e na disposição do parque Burle Marx, que terá sua área aumentada de 175 para 300 hectares. O parque atende a proposta de que o Noroeste seja um bairro sustentável. Para isso, prevêem-se sistemas de reciclagem, uso de energia solar, reúso de água das chuvas, ciclovias e grande área verde.

O Noroeste terá área de cerca de 200 hectares, onde serão construídos 220 edifícios residenciais e outros 130 comerciais, que ocuparão 20 quadras. As moradias são do tipo superquadras, as mesmas que compõem as Asas Sul e Norte e o bairro Sudoeste.

O espaço do bairro Noroeste é a última área livre do Plano Piloto. Sua implantação foi proposta por Lucio Costa após uma visita à Brasília, na qual constatou que a distância entre o Eixo Monumental da rodoviária e a ferroviária havia dobrado de tamanho com relação ao projeto original, o que aconteceu porque a cidade "escorregou" para o Leste durante sua construção. Maria Elisa Costa, arquiteta da Casa de Lucio Costa e ex-presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), lembra que, segundo a proposta original do Plano Piloto, o crescimento de Brasília como metrópole é algo indesejado. "Crescimento é incompatível com a intenção de preservar a identidade original da cidade. Brasília não deve ser preservada porque é tombada, mas é tombada porque deve ser preservada", afirma. Para a arquiteta, a expansão deve ser pensada no restante da área urbana do DF, que sofre com o aumento da população urbana e com a ausência de um pólo gerador de empregos fora da capital. "Existe uma sobrecarga no trânsito do Plano Piloto, e a implantação do Noroeste significa, evidentemente, um acréscimo a essa sobrecarga", analisa Maria Elisa. Confira no site de AU a carta de Maria Elisa da Costa sobre o projeto do bairro Noroeste.

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