Repetindo o caos visto no resto da cidade, a porção nobre de Fortaleza também tem calçadas ocupadas. A avenida Dom Luís, os carros destronam o pedestre. Na Santos Dumont, outro corredor comercial, seguir em frente também é um desafio.
O que deveria ser um passeio bom, olhando vitrines, de mãos dadas ou sozinho, sem preocupação. Há muito o que ver e fazer na avenida Dom Luís e arredores. A concentração de lojas de grife, shoppings de rua, bares e restaurantes transforma o trecho num corredor interessante. Mas o que era para ser uma caminhada agradável, vira uma corrida de obstáculos, um passeio totalmente sem charme, um teste de paciência. É que as calçadas são dos carros. Rasgadas, viram estacionamento. O pedestre que siga em ziguezague, no asfalto e se esprema entre os carros parados.
“É um sobe e desce. Tem que ir costurando. O carro toma as calçadas e a gente tem que se virar”, resume o cozinheiro Murilo Silva, 23, que caminha uns cinco metros na pista da avenida Dom Luís, disputando espaço com os veículos. Na avenida Santos Dumont, o problema se repete. “Acabei de ter que andar no meio da rua para poder seguir. O estacionamento deixa a gente tão imprensado que não tem outro jeito”, diz Stênia Pinheiro, 28.
Estamos no miolo do bairro mais nobre de Fortaleza. O problema da falta de calçadas não é exclusividade da periferia. “Essa cidade não foi feita para o pedestre de jeito nenhum”, constata o designer Filipe Araújo, 23, acostumado a andar a pé. Onde ele está, na rua Barbosa de Freitas, que liga as duas avenidas, o desnível entre uma calçada e outra é de quatro degraus.
Na Santos Dumont, degraus, rampas e muretas interrompem o caminho constantemente e, em muitos pontos, a calçada está quebrada. Na pista sentido praia-sertão, entre a rua Coronel J ucá e Tibúrcio Cavalcante, não há sequer um quarteirão padronizado para caminhar tranqüilamente, exceto o do shopping Del Paseo. “Todo canto da cidade é assim. Um calçada alta, outra baixa, outro pedaço sem calçada. Cadê a multa? Cadê os fiscais?”, reclama João Rocco, 65. Thiago Simplício, 21, prefere andar na pista, disputando espaço com os carros, mesmo ciente do risco. “É mais rápido do que ir pelo meio dos carros na calçada”.
Reportagem de Mariana Tonniati, no jornal O Povo de hoje, dia 15 de Janeiro de 2009.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário