Comemora-se hoje, 19 de agosto, o Dia da Fotografia. Com a popularização da máquina digital, as imagens invadiram ocotidiano. A cada dia, o mundo passa por inúmeras mudanças. A natureza muda, os hábitos, a tecnologia, tudo o que ontem era novo hoje já é velho. A fotografia acompanhou o ritmo das mudanças. E com o surgimento das câmeras digitais, a imagem invadiu também o sertão. É comum ver as festas de casamento, batizados e aniversários sendo documentadas nos pequenos vilarejos. A mão que "derriba" o touro brabo dentro da mata fechada é a mesma que maneja uma máquina fotográfica.
No caminho inverso dessa evolução, o Fotógrafo Alan Bastos seguiu a estrada de volta ao princípio da fotografia. Com uma câmera feita de caixa de fósforos e dois rolos de filmes, Alan deu um mergulho de quase 300 anos no túnel do tempo, quando o americano George Eastman (1854-1932) inventou o filme de rolo, que deu origem à película cinematográfica. Desde então, o homem passou a registrar as imagens do mundo com mais facilidade.
A volta ao passado vai mais além. Com uma câmera feita de uma lata de leite em pó, Alan repete a experiência feita pelo físico francês Joseph Nicéphore Niepce, em 1826, com uma técnica que ele denominou de heliografia. Era a primeira imagem fotográfica obtida com sucesso de uma paisagem vista da janela do seu local de trabalho. Com equipamentos rudimentares, ele, que é Professor da URCA/ Universidade do Cariri, pretende mostrar aos alunos a origem da fotografia e estender a arte fotográfica às comunidades de menor poder aquisitivo, argumentando que, nem sempre uma boa imagem depende da máquina, mas da sensibilidade do fotógrafo.
A idéia é ministrar oficinas de fotografias nas escolas públicas da Região do Cariri mostrando os princípios da máquina fotográfica. Ele adverte que fotografar não é somente apertar o botão. A arte vai além do clique. O fotógrafo deve conhecer, antes de tudo, o segredo da luz. "A iluminação correta é o primeiro passo para se conseguir imagens em alta definição", ensina o fotógrafo, justificando a necessidade do amador começar do zero, conhecendo a origem da máquina fotográfica.
A comunidade do Gesso, onde funcionou o baixo meretrício do Crato, já foi o cenário e oficina de um curso de fotografia, que teve como monitor o fotógrafo, jornalista, curador e produtor cultural Ricardo Peixoto. O artista ministrou a oficina "Caixa Mágica" com abordagens dos princípios da fotografia e um exercício sensorial.
A proposta do projeto, segundo Alexandre Lucas, diretor do Coletivo Camaradas, é levar a imagem com seu contexto histórico, técnicas e resultados para comunidades que nunca tiveram contato com a fotografia. "Mágico é fazer com que as pessoas vivenciem o real à sua volta, a imagem é real", afirma. A oficina foi realizada no Projeto Nova Vida, uma Organização Não Governamental (ONG) que tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável de pessoas em situação de risco que residem no Gesso.
Um dos fatores que motivou o artista foi o interesse em conhecer a realidade da antiga zona de prostituição do Crato. Ele tomou conhecimento do ambiente por meio da exposição "Cabaré" que foi realizada no Centro Cultural do BNB. Coincidentemente, Peixoto realizava, em João Pessoa, o Dia Internacional da Prostituta, juntamente com a Associação das Profissionais do Sexo da Paraíba.Para Ricardo Peixoto, que tem um trabalho ligado aos grupos excluídos e marginalizados, "o artista não pode ficar fazendo arte pela arte". Ele acredita que o artista pode e deve contribuir socialmente com o seu fazer artístico. Peixoto é um dos fundadores do Grupo Traficantes de Imagens na década de 90 na Paraíba.
Matéria do Jornalista Antonio Vicelmo no Caderno Regional do Diário do Nordeste, de hoje, Dia Mundial da Fotografia.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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