O projeto apresenta dúvidas. A cidade de Fortaleza há muito clama por uma ação efetiva de controle da degradação do Rio Cocó, bem como da sua revitalização. Assim, a princípio, o projeto de recuperação do rio, de responsabilidade do governo do Estado, deveria ser bem-vindo. No entanto, ele traz no seu bojo tantas questões complexas e delicadas, que, longe de permitir comemorações, traz novas preocupações ambientais.
A análise é da geógrafa e ambientalista Vanda Claudino Sales, professora da Universidade Federal do Ceará.Inicialmente, aponta, há problemas acerca da aprovação e licenciamento da obra. Tem sido divulgado pela Secretaria da Cidade que o projeto foi amplamente discutido nos conselhos técnicos e ambientais agregados ao sistema nacional de licenciamento ambiental.
“Ora, isso não condiz com a realidade”. Esse projeto, relata, que se acha atrelado à intervenção na bacia do Rio Maranguapinho, foi apresentado, de forma sintética e superficial, no Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam), no primeiro semestre de 2008. “Diante das inúmeras incertezas e dificuldades técnicas detectadas, a Associação dos Geógrafos Brasileiros pediu vistas para melhor análise da situação”.
O Comam, diz, simplesmente negou a solicitação. “Assim, o mega-projeto está sendo materializado sem a devida análise crítica dos setores da sociedade civil que não têm compromissos econômicos nem políticos com as grandes obras”, assegura.Dentre as questões técnicas, avalia a ambientalista, coloca-se o fato de que haverá impermeabilização, urbanização e construção dentro das planícies fluvial dos rios Cocó e Ceará, fato ilegal (trata-se de Área de Preservação Permanente – APP) e paradoxal.
Provavelmente em forma de compensação, o projeto apresenta a construção de uma enorme barragem, de 400ha, no leito do Cocó, à altura do bairro Conjunto Palmeiras, na perspectiva de “regularizar” o fluxo do rio. Constam ainda atividades como dragagem e o aprofundamento do leito do rio.
Informação do Diário do Nordeste.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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